Por Paula Sambo.
Nathan Shor, que gerencia o melhor fundo de mercados emergentes, está apostando que o rali dos titulos de dívida do Brasil está longe de acabar.
Seu Galloway Emerging Markets High Yield Bond Fund deu retorno de 19 por cento neste ano, o melhor desempenho entre 148 fundos com perfil semelhante compilados pela Bloomberg. O Brasil responde por 29 por cento dos ativos do fundo, três vezes mais que há um ano e mais que a proporção de 4,4 por cento no benchmark Bloomberg Barclays Emerging Markets Hard Currency Aggregate Index.
Shor diz que estatais como o Banco do Brasil e a Petrobras vão continuar dando ganhos robustos, na contramão do BlackRock, que disse que poderia ser o momento de reduzir alocação nos ativos brasileiros devido ao temor de que o presidente Michel Temer tenha dificuldade para reanimar a economia. No dia 5 de setembro, Sergio Trigo Paz, diretor de dívida do mercado emergente da BlackRock, disse que poderia reduzir sua posição overweight porque o rali estava “exagerado”.
“Nós ainda vemos valor no Brasil”, diz Shor, que ajuda a gerir US$ 300 milhões em ativos de emergentes. “As estatais brasileiras ainda estão pagando um spread elevado sobre o restante dos mercados emergentes”.
O peruano de 45 anos fundou a Galloway em 2003 em São Paulo. Seis anos depois, ele criou o fundo de renda fixa com o sócio Ulisses de Oliveira. O fundo deu um retorno de 64 por cento desde que foi iniciado em 2009, de acordo com a Galloway.
Ainda que siga otimista em relação ao Brasil, Shor disse que os investidores precisam ser mais criteriosos. O fundo da Galloway se beneficiou muito com a disparada dos US$ 3 bilhões em títulos da Petrobras com vencimento em 2026, que subiram 15 por cento desde que foram emitidos em maio.
“Fizemos dinheiro na esteira da desalavancagem da Petrobras e esperamos continuar nisso, sendo mais seletivos daqui para a frente”, disse ele. “Na medida em que o Brasil ainda tem um longo caminho, os investidores têm de ser mais cautelosos em monitorar o apoio político às tão necessárias reformas”.
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