Por André Soliani.
Grantham Mayo Van Otterloo & Co. prevê que as ações dos mercados emergentes oferecerão os maiores retornos anuais aos investidores ao longo dos próximos sete anos, de acordo com relatório publicado em 19 de janeiro. Entre os emergentes, a GMO está overweight em Rússia, Filipinas, Índia e Tailândia, afirmou em entrevista de 20 de janeiro Binu George, estrategista de portfólio para a equipe de ações da GMO. Ele está underweight em Brasil e México. Seus comentários foram editados e condensados para clareza.
Brasil: é um lugar que nossas visões podem mudar à medida que vemos mudanças na política. As mudanças gerais nos últimos trimestres têm sido muito positivas. Mas ainda há outras preocupações: os valuations, onde a política está, e sua dependência em commodities, como minério de ferro. Isso nos faz hesitar um pouco.
México: a política parecia ótima quando o presidente Enrique Peña Nieto assumiu. Mas, infelizmente, Peña Nieto perdeu um tanto de credibilidade. O foco agora é mais na eleição que está por vir em 2018, e você tem um senso de instabilidade na política. E então há o Trump. Há algumas preocupações ali e os mercados odeiam incertezas.
Rússia: começou a emergir da recessão. A economia russa provavelmente cresceu no último trimestre de 2016 pela primeira vez nos últimos dois anos. A confiança do consumidor está subindo, o crescimento do salário está começando a bater a inflação, e a inflação está desacelerando um pouco. Nós pensamos que o banco central pode cortar as taxas de juros de 10% em direção a 8%. E tudo isso está sendo acelerado por duas coisas: a estabilização dos preços do petróleo e Donald Trump. Trump importa porque as sanções econômicas que foram impostas contra a Rússia têm uma maior probabilidade de serem retiradas. Olhando para valuations, as ações russas também estão baratas. Na Rússia, nós investimos em financeiras e bens de consumo básicos.
Tailândia: Nós temos estado nos últimos dois a três anos em companhias um tanto defensivas e capitalizadas, apesar do fato de a economia tailandesa estar indo um tanto bem. Nós estávamos posicionados defensivamente porque o rei estava com uma saúde muito precária por um período muito longo, e ele era possivelmente a única figura de união em todo o país. Quando o rei morreu nós estávamos felizes em notar que a turbulência tem sido um tanto bem controlada. A Tailândia teve muita sorte, porque, anteriormente à morte do rei, o governo militar aprovou um referendo constitucional que estabeleceu um cronograma para a transição do poder de volta ao governo civil. Se isso não tivesse acontecido, nós poderíamos ter tido muito mais turbulência.
Filipinas: se você me perguntasse nos últimos dois ou três anos, em diferentes momentos no tempo, qual país tem a melhor história macro, a resposta quase sempre teria sido Filipinas. No entanto, a transição de poder do presidente Benigno Aquino para Rodrigo Duterte tem sido uma preocupação. Duterte não interferiu com a política econômica, para dar-lhe crédito. O problema, é claro, é a matança de pessoas ligadas ao tráfico de drogas extrajudicialmente. Milhares de pessoas morreram e isso causou preocupação internacional. No curto prazo, isso não importa, porque a política macro é fantástica, mas no longo prazo isso pode importar. Enquanto nós continuamos a observar Duterte muito de perto, nós estamos muito felizes com a história macro no país.
Índia: A desmonetização da Índia tem sido muito negativa no curto prazo. Mas a razão pela qual estamos de certo modo otimistas na Índia é porque há muita demanda latente que pode oferecer um upside. Mas a economia estava em condições muito boas antes da desmonetização, e algo positivo é de que o índice de aprovação do primeiro-ministro melhorou. A Índia se beneficia de preços do petróleo estando relativamente contidos. Nós estamos ligeiramente otimistas de que a desmonetização ficou para trás, e de que parte da demanda que ficou perdida nos últimos dois a três meses vai retornar.