Goldman diz que pequenas coisas são o que importa em commodities

Por Pratish Narayanan.

O Goldman Sachs recomenda que investidores de commodities se concentrem nas idiossincrasias do mercado, e não nas macrotendências no segundo semestre deste ano.

As “microameaças” estão aumentando, como o desastre com a barragem da Vale que reduziu a oferta de minério de ferro e a febre suína africana, que impulsiona os preços da carne de porco, enquanto os riscos macroeconômicos estão diminuindo, dizem analistas como Jeffrey Currie, em relatório. A mudança fez com que o Goldman suspendesse todas as 10 melhores recomendações de negociação remanescentes de dezembro e iniciasse um novo grupo.

O Goldman, que já havia alertado que os mercados estavam superestimando as ameaças econômicas, disse que os formuladores de políticas globais têm sido flexíveis na gestão de riscos. Nos mercados de petróleo, qualquer déficit devido ao aumento das sanções dos Estados Unidos às exportações iranianas pode ser compensado por outros produtores da Opep e sua aliada, a Rússia, segundo o banco. Além disso, a tendência dovish do Fed, reforçada por outros bancos centrais de países desenvolvidos, reduz os temores de recessão.

Com a redução dos riscos maiores, o banco acredita que as “micro-histórias e oportunidades de valor relativo se tornarão a fonte mais importante de retorno daqui para frente”, escreveram os analistas do Goldman em relatório de 25 de abril.

Segundo o Goldman, riscos idiossincráticos são aqueles que não se correlacionam sem um driver comum e, portanto, são transitórios e mais difíceis de capturar. O recente aumento de cerca de 50% dos preços do porco magro devido ao surto da febre suína africana na China, “foi ignorado por todas as estratégias de momentum”, avalia o banco.

Essas ameaças específicas são quase impossíveis de precificar em ativos como ações, que são guiadas por expectativas, e afetam principalmente mercados físicos específicos que são exclusivos de commodities, segundo o relatório. No segundo semestre deste ano, tais microtópicos deverão superar a volatilidade macroeconômica, que será mínima, estima o Goldman.

A implementação de padrões de emissões mais rigorosos pela Organização Marítima Internacional a partir de 2020 seria um exemplo de evento que abalaria os mercados de petróleo. Também seria um desafio para as indústrias de transporte e refino, encolhendo margens no processamento do óleo cru em petróleo, de acordo com o banco.

O Goldman recomendou posições compradas na produção agrícola dos EUA com a perspectiva de redução das tarifas chinesas de 25% sobre a soja americana e de que o país asiático alivie as taxas sobre as importações de carne suína, em meio às negociações para o fim da guerra comercial.

O banco também recomenda posições compradas em ouro e vendidas em prata, já que esta última não se beneficia de compras dos bancos centrais e ainda apresenta superávit físico, escreveram os analistas do Goldman. Outras recomendações incluem posições compradas em cobre e vendidas em zinco, compradas em paládio e vendidas em platina.

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