Por Dakin Campbell, Jack Farchy e Javier Blas.
Visando a retomada do negócio de commodities após diversas transações que prejudicaram os lucros, o Goldman Sachs tem um plano centrado em contratar profissionais de renome e atrair novos clientes.
De acordo com pessoas a par do plano, o banco vai recrutar alguns vendedores de peso do ramo de commodities, reconhecendo que a unidade de aproximadamente 180 funcionários sofreu nos últimos anos porque talentos mais experientes não foram substituídos devido a cortes de custos. A instituição também está contratando gente famosa por fechar negócios, a fim de atrair clientes dos setores de petróleo, eletricidade, metais e mineração, segundo as fontes, que pediram anonimato porque o plano não foi discutido abertamente.
A unidade de commodities enfrentou dificuldades nas primeiras semanas do trimestre atual, de acordo com uma pessoa próxima. O desempenho da área passa por revisão há meses e registrou seu pior trimestre entre os 73 da instituição com o capital aberto.
O Goldman há muito tempo é um dos maiores de Wall Street na negociação de commodities e se destacou nos últimos anos porque manteve a operação enquanto concorrentes como JPMorgan Chase e Morgan Stanley enxugaram as suas.
O diretor financeiro, Marty Chavez, afirmou no mês passado que o mau desempenho em commodities foi motivado pelo “pano de fundo do mercado” e pela menor atividade por parte dos clientes. Ele reconheceu que a firma “não navegou o mercado como desejava ou tão bem quanto no passado”.
Assim como o presidente Lloyd Blankfein e o codiretor de operações Harvey Schwartz, Chavez saiu da unidade de commodities para a liderança do banco.
Apostas em gás natural
Houve uma grande perda com a negociação de gás natural. Os profissionais do banco não fizeram hedge adequado das apostas na direção dos preços do gás, segundo informações de uma pessoa a par da situação. Também houve perda com posições compradas em petróleo, sendo que a cotação do barril caiu 11 por cento durante o trimestre, disse a fonte.
A divisão de renda fixa que abrange a unidade de commodities está cortejando grandes empresas e gestoras de ativos voltadas a posições compradas, com o objetivo de diminuir a dependência em relação aos fundos de hedge como clientela. Após anos de cortes, os líderes da divisão decidiram parar de reduzir empregos, custos e capital alocados na unidade, disse uma pessoa com conhecimento do plano.
A estratégia para commodities foi elaborada após uma revisão encabeçada por Isabelle Ealet, que atua na negociação de ativos. A unidade foi tema de discussões durante uma reunião do conselho do banco em Londres, no final de junho. A revisão examinou o tamanho da unidade, os mandatos dos clientes e a forma de gestão de risco usada pelos traders — que talvez não estivessem fazendo hedge adequado de posições sem liquidez, que poderiam durar meses.
Atraindo clientes corporativos
Para reverter o quadro, o banco pretende contratar vendedores experientes com relacionamentos em grandes empresas. Além disso, profissionais de banco de investimento estão sendo orientados a oferecer serviços envolvendo commodities e a apresentar colegas de vendas e negociação de ativos aos diretores de finanças e tesoureiros dessas corporações, disseram duas das fontes entrevistadas. Os profissionais tentarão estender mais linhas de crédito utilizadas para negociar commodities como querosene de aviação, metais e eletricidade, segundo uma das pessoas.
Especificamente, a revisão concluiu que poderia trabalhar mais frequentemente com os mais de 1500 clientes de banco de investimento que atuam em setores de recursos naturais, de acordo com uma fonte.
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