Os ativos de mercados emergentes foram castigados ultimamente, mas muitos de seus fundamentos ainda estão bons e é hora de comprar seus títulos locais. A recomendação é de estrategistas do Goldman Sachs Group.
Nas últimas semanas, a narrativa sobre nações em desenvolvimento mudou do vinho para o vinagre — resistiram bem ao aperto pelo banco central dos EUA (Federal Reserve) no primeiro trimestre, mas estão vulneráveis no trimestre atual. Porém, excluindo países como Argentina e Turquia, que têm problemas particulares, os países em desenvolvimento parecem sólidos como grupo, na visão do Goldman.
“Em nosso cenário básico de crescimento global estável e acima do potencial, junto com movimentação ainda gradual pelo Fed, o dólar deve se enfraquecer em relação às moedas do G10 e de mercados emergentes”, afirmaram os estrategistas Zach Pandl e Kamakshya Trivedi, respectivamente de Nova York e Londres, em nota divulgada na quarta-feira. “Do ponto de vista amplo de ‘beta’, preferimos ativos não denominados em dólares – especialmente instrumentos de renda fixa de mercados emergentes denominados em moeda local.”
Apesar da deterioração dos saldos em conta corrente nos últimos trimestres, esses indicadores ainda estão saudáveis e a queda dos preços dos ativos proporciona ao grupo maior carregamento, avaliou a dupla de estrategistas do Goldman, se referindo ao benefício gerado pela ampliação do diferencial de juros.
Os déficits em conta corrente do Brasil, Indonésia, México e África do Sul diminuíram desde 2013, de acordo com dados do Fundo Monetário Internacional.
Para o segundo semestre, os estrategistas do Goldman recomendam investimentos em:
* Peso chileno
* Sol peruano
* Peso colombiano
* Rand sul-africano
* Posições a descoberto em dólares dos EUA contra dólares canadenses e australianos
O Goldman se baseia na teoria de que, quando a economia global vai bem, o desempenho do dólar americano costuma ser pior. Os analistas acreditam que a maior parte da desaceleração recente já ficou para trás. No segundo trimestre, os EUA se destacaram por causa do impacto dos cortes de impostos.
“Em sua maioria, os fundamentos dos emergentes ainda estão verdes, mas os mercados soam alerta vermelho”, escreveram.
O Goldman afirma que o “trio andino” de moedas recomendadas acima está atraente porque não acompanhou o avanço dos preços das commodities e, ademais, os riscos políticos associados a esses países ficaram para trás. Os dólares do Canadá e da Austrália devem se beneficiar do impulso ao crescimento, melhora dos termos de troca e perspectiva para a política monetária, afirmou o banco. O rand é o “candidato preferido” entre moedas de maior rendimento.
A aproximação das eleições no Brasil e México torna o Goldman reticente em relação ao real e ao peso, alegando que é necessário haver “clareza política para destravar” o valor dessas moedas. Embora o valor tenha sido “recriado” para dívidas denominadas em dólar de países emergentes devido às perdas recentes, o banco prefere títulos de renda fixa denominados em moeda local.
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