Goldman Sachs não vê motivos para deixar mercados emergentes após decolagem do Fed

Por Lyubov Pronina.

Nem todos os investidores em bonds estão prontos para correr para a saída nos mercados emergentes quando o Federal Reserve começar a elevar suas taxas de juros.

O Goldman Sachs Group Inc. vai permanecer no mesmo lugar. Apesar de o banco central dos EUA ter colocado um possível aumento da taxa em dezembro de volta na agenda na semana passada, o banco com sede em Nova York não prevê nenhum desgaste no apelo de investir em ativos com yields mais elevados, como bonds em euros de países em desenvolvimento. O motivo: as taxas do Fed não subirão de forma suficientemente rápida para diminuir a atratividade das dívidas de mercados emergentes, que oferecem quase 400 pontos-base a mais que os títulos do Tesouro. Isso é cerca de meio ponto porcentual a mais que o prêmio médio entregue desde que o Fed reduziu as taxas para próximo de zero, sete anos atrás.

Os investidores se desfizeram dos bonds soberanos dos países em desenvolvimento em setembro em meio ao temor de que a desaceleração na China limitará o crescimento global. Isso ajudou a ampliar o yield extra sobre esses títulos ao nível mais alto em quatro anos, atraindo investidores como o Goldman, que apostaram que a política monetária nos EUA e na Europa será de apoio por mais tempo. O argumento para a “busca por yield” permanecerá popular nos próximos meses, segundo Yacov Arnopolin, um gestor de recursos que ajuda a supervisionar cerca de US$ 36 bilhões em dívidas de mercados emergentes no Goldman Sachs Asset Management.

“O argumento para procurar yields nos mercados emergentes continua intacto”, disse Arnopolin em 30 de outubro. “Os spreads continuam parecendo atraentes para nós, especialmente no contexto de um ambiente persistente de taxa baixa e de falta de alternativas de alta qualidade que ofereçam yields comparáveis”.

Arnopolin se mantém firme em seu ponto de vista, mesmo depois de os bonds dos mercados emergentes subirem, em outubro, registrando o maior ganho mensal em relação aos títulos do Tesouro em mais de três anos. Tratou-se apenas de uma recuperação em relação a um pessimismo inicial que havia ido longe demais e não reduziu a folga que os yields dos bonds oferecem sobre os baixos retornos vigentes nos EUA, disse ele.

“O sentimento contrário aos mercados emergentes chegou a níveis extremos em setembro”, disse Arnopolin. “Parte da redução do prêmio do risco tem a ver com o enfraquecimento do posicionamento excessivamente baixista”.

Os bonds dos mercados emergentes subiram no mês passado, reduzindo o prêmio de risco em 41 pontos-base, maior total desde junho de 2012, segundo os índices do JPMorgan Chase Co. Na terça-feira, o prêmio caiu um ponto-base, para 386.

Oportunidade de compra

O aumento na taxa de juros dos EUA poderá perturbar temporariamente a subida dos bonds dos mercados emergentes, mas “a consequente volatilidade terá vida curta”, disse Gregory Saichin, diretor de investimento para renda fixa de mercados emergentes da Allianz Global Investors Europe GmbH. Isso ocorre porque os investidores contam com o dinheiro que desejam colocar para trabalhar e pelo fato de uma série de más notícias estar sendo levada em conta pelos preços dos bonds.

“Qualquer aumento da taxa virá, de alguma forma, diluído”, disse Saichin, por e-mail em 30 de outubro. “Qualquer perturbação pode ser uma oportunidade de investimento se os spreads soberanos testarem novamente os limites”.

O prêmio de risco para os mercados emergentes provavelmente permanecerá nos níveis atuais após um aumento da taxa e poderá até encolher 30 pontos-base se a elevação for atrasada por dois trimestres, disse Saichin. A probabilidade de o banco central atuar em sua reunião de 15 e 16 de dezembro é de cerca de 50 por cento, contra 33 por cento há um mês, mostram os contratos futuros.

Contudo, a política monetária dos EUA não é o único fator que determinará o destino dos bonds dos países em desenvolvimento, segundo Saichin e Arnopolin. Considerando que muitos mercados emergentes são dependentes do petróleo, sendo exportadores ou importadores líquidos, os preços da commodity terão sua importância. A intensificação de problemas políticos também ditará o apetite do investidor.

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