Por Mark Bergen.
Dois meses depois de lançar seu assistente digital, o Google abre as portas para que desenvolvedores externos ajudem a companhia a alcançar os concorrentes, em particular a Amazon.com, em uma disputa tecnológica fundamental.
Na quinta-feira, a unidade da Alphabet lançou um sistema para que desenvolvedores montem chatbots (robôs de conversação) compatíveis com o Google Assistant, seu assistente virtual ativado por voz. As ferramentas, chamadas Conversation Actions, possibilitarão que empresas ou outros terceiros interajam com usuários Google construindo robôs que respondem a perguntas e que no futuro venderão ou reservarão coisas por meio de comandos de voz.
Os desenvolvedores podem buscar aprovação para frases que se seguem a “Ok, Google” (as palavras que ativam o Assistant) para lançar os robôs interativos. Então, no futuro, quando alguém disser “Ok, Google, falar com o Target”, um chatbot dessa loja americana poderia aparecer e ajudar a pessoa a comprar coisas através da conversa, por exemplo. Será possível inclusive escolher entre quatro vozes diferentes, duas masculinas e duas femininas.
Jason Douglas, o funcionário do Google que supervisiona a nova plataforma de desenvolvedores, comparou o processo à solicitação de um endereço web nos primórdios da internet. “Esta é a capacidade de estabelecer uma conversa com um usuário imediatamente, na hora — em vez de carregar um site”, disse ele. “Estamos tentando fazer com que os usuários passem diretamente para os desenvolvedores do modo mais natural e imperceptível possível.”
Muitas empresas grandes de tecnologia, como Amazon, Apple, Microsoft e Facebook, estão investindo fortemente em assistentes digitais que utilizam técnicas de inteligência artificial para interagir com os seres humanos de modo mais natural. Para o Google, esse investimento é mais crucial: seu Assistant é a peça estratégica central de uma tentativa de preservar a relevância de seu lucrativo motor de pesquisas web em uma era de aparelhos móveis e dispositivos de vestir. Assim como seu motor de busca mandava as pessoas aos lugares certos na internet, o assistente da companhia deverá conectar os usuários aos serviços mais úteis e relevantes.
Esta iniciativa ainda está nos estágios iniciais. Douglas disse que a companhia ainda não descobriu como as pessoas vão saber que frases têm que dizer para ativar os chatbots certos. E provavelmente faltam anos para um modelo de negócios. A princípio, a função de desenvolvedor só vai funcionar com o Google Home, o novo alto-falante ativado por voz da companhia. Depois, ele virá nos smartphones Pixel, do Google, e em seu aplicativo de mensagens Allo, e em breve será compatível com recursos como compras e reservas, informou o Google, sem especificar uma data. A companhia também afirmou que um kit mais completo para desenvolvedores de software será lançado para o serviço no começo do ano que vem.
A Amazon implementou um recurso parecido com Alexa, seu assistente virtual, chamado skills, que cria vínculos com aplicativos e serviços externos. Alexa funciona inicialmente com os alto-falantes Echo, da Amazon, que concorrem com o Google Home. Até o momento, a Amazon criou mais de 5.000 skills com parceiros que vão da Domino’s Pizza ao Uber.
Acrescentar mais funções ao seu Assistant é essencial para que o Google consiga aumentar as vendas do Google Home, acolhido calorosamente pelos críticos, mas que tem dois anos de atraso em relação ao Echo da Amazon. Embora tenha aberto o Echo para uma série de outros serviços, a Amazon vem usando esse aparelho principalmente para impulsionar vendas no Amazon.com. Essas compras dispensam pesquisas na internet.
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