Por Mark Bergen.
Anos atrás, o Google construiu uma rede social separada de seu precioso ativo, as buscas na internet. A iniciativa fracassou. Agora a empresa está tentando novamente — só que dessa vez está transformando seu mecanismo de busca em algo muito parecido ao feed de notícias de uma rede social.
A unidade da Alphabet está lançando um feed personalizado de notícias, entretenimento e uma mistura de conteúdo web baseados nas pesquisas dos usuários, em visualizações de vídeos no YouTube e em outras informações pessoais. Trata-se de uma expansão de um serviço móvel mais antigo chamado Google Now. No entanto, alguns recursos extras — informações das tendências locais e a possibilidade de “seguir” figuras públicas, por exemplo — dão ao feed de pesquisa do Google uma sensação semelhante ao do fluxo algorítmico do feed de notícias do Facebook. Esse recurso ajudou o Facebook a capturar as atenções on-line como poucas outras empresas.
“Queremos que as pessoas entendam que estão consumindo informações do Google”, disse Sashi Thakur, vice-presidente de engenharia da Google, a jornalistas. “Só que será sem consultas.”
A Google está interessada há muito tempo em tornar a pesquisa mais pessoal e proativa. Quando os usuários estão logados em suas contas do Google, os resultados de pesquisa já são bastante personalizados. O Google Now tentou fornecer informações relevantes similares, como placares esportivos e instruções para dirigir, antes que as pessoas digitassem consultas, mas não foi tão popular quanto outros serviços da empresa, como a pesquisa tradicional, o Maps e o navegador Chrome.
O novo feed de pesquisa preditivo receberá uma exposição muito maior porque será transmitido na página inicial do aplicativo móvel de mesmo nome da Google em dispositivos móveis Android e da Apple a partir desta quarta-feira. A empresa estuda levá-lo aos navegadores web móveis, mas não informou quando. Isso significa que o ativo mais valioso da web, o Google.com, poderia algum dia ter a aparência de um feed de notícias personalizado em vez de ser apenas uma caixa branca vazia à espera de ser preenchida com uma pergunta ou palavra-chave. “O comportamento deverá ser o mesmo” de um feed de notícias, disse Thakur.
As mudanças são um passo importante para a Google, que raramente modifica a página de destino de um serviço de pesquisa que gera de bilhões de dólares de lucro por trimestre. Também são um reconhecimento de que o feed de notícias do Facebook é uma das formas mais viciantes de consumir informações digitais em smartphones. Outras empresas de tecnologia chegaram a conclusões semelhantes. O LinkedIn atualizou sua página inicial e seu aplicativo com mais recursos de rolagem estilo feed, e nesta semana a Amazon.com lançou o Spark, um feed de histórias de produtos para comprar, imagens e ideias.
Ben Gomes, um executivo de busca veterano da Google, disse que o novo feed não terá conteúdo pago no início, mas não descartou que isso ocorra futuramente. Com um feed, o Google poderia dispor de mais tempo do usuário dentro da pesquisa. Essa tem sido uma preocupação da empresa, porque o Facebook e outros aplicativos móveis abocanharam uma fatia maior do tempo que as pessoas passam na internet.
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