Google e Uber estão brigando pelo sistema Lidar. O que é isso?

Por Alex Webb.

Espaçonaves o usam para medir distâncias. Agricultores o usam para determinar quais campos precisam de fertilizantes. Arqueólogos o usam para mapear a topografia. E, o que é fundamental para o Uber Technologies e a Waymo, da Alphabet, carros autônomos utilizam o Lidar para navegar.

Na luta entre fabricantes de veículos e seus concorrentes do setor de tecnologia para desenvolver veículos autônomos, o Lidar se tornou uma tecnologia altamente cobiçada. E agora está no centro de uma ação judicial da Waymo contra o Uber, o concorrente de caronas compartilhadas que está querendo criar seu próprio império de veículos autônomos.

A Waymo, divisão de carros autônomos da Alphabet, a controladora do Google, acusou o Uber em uma ação judicial, na quinta-feira, de roubar seus projetos Lidar. O ex-engenheiro do Google, Anthony Levandowski, baixou 9,7 gigabytes de arquivos antes de sair da empresa para fundar uma startup que foi adquirida mais tarde pelo Uber, disse a Waymo na ação.

“A apropriação indevida dessa tecnologia é como roubar uma receita secreta de uma empresa de bebidas”, afirmou a Waymo em uma postagem de blog na Medium. “Acreditamos que essas ações faziam parte de um plano concertado para roubar os segredos comerciais e a propriedade intelectual da Waymo.”

“Levamos a sério as acusações feitas contra a Otto e os funcionários do Uber e vamos analisar este assunto com cuidado”, escreveu Chelsea Kohler, porta-voz do Uber, em um e-mail.

Um olhar sobre a tecnologia de trabalho do Lidar – e o papel que ele desempenha em ajudar os carros a se dirigirem por si mesmos – ajuda a explicar por que as empresas o consideram tão vital.

Tecnologia

O Lidar é um sistema parecido com o radar que usa lasers em vez de ondas de rádio para construir uma imagem 3-D da paisagem circundante. Como os sistemas de navegação por satélite são precisos apenas dentro de um raio de 4,8 metros e podem facilmente se confundir com prédios altos e prédios com fachadas de vidro, os veículos autônomos precisam de uma série de outros sensores para poderem se posicionar com precisão e perceber os pedestres, veículos e outros objetos por perto.

A Waymo tem seu próprio Lidar. Especialistas em Lidar como a Velodyne Lidar afirmam que, para eliminar de forma completa e permanente o motorista da equação, essa tecnologia é essencial.

O Lidar consiste em uma série de lasers rotatórios empilhados que são disparados em diversos ângulos. Cada camada, chamada de canal, é composta por dois feixes de laser. O sinal de cada canal individual cria uma linha de contorno e, em conjunto, essas linhas geram uma imagem 3-D do ambiente circundante. Ou seja, quanto mais lasers houver em cada pilha, maior será a resolução. A Velodyne, por exemplo, fabrica produtos com 16, 32 e 64 canais a laser.

O principal obstáculo para o Lidar se tornar uma tecnologia amplamente adotada nos carros produzidos em massa é o custo. Uma unidade de 64 canais da Velodyne pode custar mais de US$ 50.000, e o produto mais barato, de 16 canais, é vendido por US$ 7.999. O fato de um carro poder precisar de várias unidades do Lidar torna o custo proibitivo para qualquer carro, à exceção dos modelos de luxo mais caros. A Velodyne e concorrentes como a Quanergy Systems estão trabalhando para reduzir o preço. Isso seria acelerado por grandes encomendas para carros de fabricação em série.

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