Google vê idosos como mercado-alvo de carros autônomos

Por Dana Hull e Carol Hymowitz.

Ao longo de sua vida, Florence Swanson viu o lançamento de todos os carros americanos, do Model T da Ford ao Model S da Tesla. Agora, aos 94 anos, ela está na etapa que o Google espera que seja o futuro do setor automotivo: os veículos com direção autônoma.

Depois que seu quadro de um guitarrista venceu um concurso do Google, ela se tornou a pessoa mais velha a usar um modelo com a tecnologia autônoma da empresa.

“Você não viveu enquanto não entrou em um carro daqueles”, disse a moradora de Austin, no Texas, sobre seu passeio de meia hora. “Eu não podia acreditar que o carro falasse. Eu me senti totalmente segura”.

O Google está apostando que outros também terão essa opinião. Como mais de 43 milhões de pessoas nos EUA agora têm 65 anos ou mais e outras 10.000 chegam a essa idade a cada dia, os idosos americanos são um mercado-alvo natural para os veículos autônomos. As necessidades de mobilidade – ir ao médico ou ao supermercado, visitar parentes e amigos – se tornam primordiais para os idosos, especialmente porque 79 por cento deles moram em subúrbios e em zonas rurais.

“Pela primeira vez na história as pessoas mais velhas serão as líderes do estilo de vida de uma nova tecnologia”, disse Joseph Coughlin, diretor do AgeLab, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Cambridge. “Talvez os mais jovens tenham tido um smartphone nas mãos primeiro, mas os consumidores com mais de 50 anos serão os primeiros a ter carros inteligentes”.

Liberdade

John Krafcik, CEO do Projeto de Carros Autônomos do Google, deu destaque a Florence durante uma apresentação em janeiro em Detroit, EUA. A mãe dele também tem 96 anos. Tanto ela quanto Florence abriram mão da carteira de motorista, e da liberdade que o documento oferece, há mais ou menos uma década.

“Um carro completamente autônomo tem o potencial de gerar um impacto enorme em pessoas como Florence e minha mãe”, disse Krafcik. “A mobilidade deveria estar aberta a milhões de pessoas do mundo inteiro que não têm o privilégio de ter uma carteira de motorista”.

A Ford Motor também considera que a autonomia é “uma maneira estratégica de atender à população idosa”, disse Sheryl Connelly, futurista interna da empresa com sede em Dearborn, Michigan. Para ajudar a criar veículos para idosos, engenheiros e designers vestiram uma “roupa da terceira idade”, que inclui óculos que prejudicam a visão e luvas que reduzem o controle e a força dos dedos.

No Japão, a Toyota Motor tem pressa para levar os carros autônomos ao mercado, em parte porque os motoristas idosos provocam acidentes de trânsito e são vítimas deles em medidas desproporcionais. Parte desse trabalho está nos EUA, onde a empresa contratou Gill Pratt – ex-gerente de programa da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa e diretor do Desafio Robótico da DARPA – para chefiar o Instituto de Pesquisa Toyota. A empresa está investindo US$ 1 bilhão em inteligência artificial e em tecnologia robótica para eliminar erros dos motoristas e reduzir as mortes no trânsito.

Autonomia

“Muitas vezes falamos sobre autonomia como se o objetivo fosse simplesmente criar autonomia nas máquinas”, disse Pratt no quarto trimestre do ano passado, quando seu novo emprego foi anunciado. O foco está mais no fato de que as pessoas tenham “a capacidade de decidir por conta própria aonde elas querem ir e quando elas querem ir”, independentemente das restrições impostas pela idade ou por doenças.

Os carros autônomos poderiam proporcionar aos idosos a segurança e a praticidade que eles precisam e as pessoas mais velhas estão dispostas a usar tecnologias novas “se elas lhes oferecerem um valor claro”, disse Coughlin, do AgeLab do MIT.

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