Grupo de credores da Oi elabora plano de recuperação alternativo

Por Fabiola Moura.

Um grupo de credores da Oi liderado pelo banco de investimentos ACGM Inc. está montando um plano de recuperação para a operadora de telefonia em dificuldades financeiras que acredita ser superior à proposta da empresa, disse o presidente do ACGM, Carlos Abadi, em entrevista.

O grupo, que representa cerca de 20 hedge funds e fundos de private equity, planeja apresentar o plano de recuperação revisto para a empresa depois que a operadora de telefonia apresentar seu próprio plano para o tribunal de falências, disse Abadi. Ele preferiu não informar a quantidade de dívida em posse dos fundos.

“O conselho tem o dever de fazer o que é melhor para a empresa e acreditamos que isso significa adotar o nosso plano”, disse Abadi, cujo banco de investimento com sede em Nova York diz ter estado envolvido em negócios como a recuperação judicial do Refco e a reestruturação do Allied Irish Banks. Segundo a lei brasileira, somente a empresa pode apresentar um plano de recuperação, diferentemente do que ocorre nos EUA, onde qualquer credor pode apresentar um plano, diz Abadi.

A Oi entrou com pedido de recuperação judicial em junho informando cerca de US$ 20 bilhões em dívidas. A empresa permanece estagnada em último lugar entre as quatro maiores empresas de telefonia celular do Brasil e tem tido dificuldades para reduzir os custos, em parte devido à exigência do governo de que a empresa mantenha uma infraestrutura obsoleta de telefonia fixa, como telefones públicos e edifícios antigos.

A Oi não quis comentar.

O grupo autointitulado “Consórcio Oi ”, disse na última quinta-feira que os escritórios de advocacia Felsberg Advogados e Morrison & Foerster se associaram à equipe que, além do ACGM, tem ainda a consultoria de reestruturação Íntegra Associados e dois experientes executivos do setor de telefonia: João Cox, ex-chefe da unidade brasileira da América Móvil, e Mário César Araújo, ex-diretor executivo da Tim Participações SA.

A Oi já lida com outro investidor que oferece um caminho alternativo não solicitado para a sua recuperação. O magnata brasileiro Nelson Tanure, seu segundo maior investidor, convocou duas assembleias de acionistas, em 8 de setembro, para votarem sobre a possibilidade de substituir parte do conselho da empresa por seus nomeados. Além disso, ele estuda entrar com processo judicial contra a maior acionista da operadora, a Pharol SGPS.

Abadi disse que Tanure tem uma boa chance de conseguir a eleição de seus nomeados para o conselho da Oi. Isto não mudaria os planos do Consórcio Oi, disse ele.

“Independentemente de o comando estar com Tanure ou com a Pharol, pretendemos agir da mesma forma”, disse Abadi. “Acreditamos que o nosso plano é superior ao da Pharol e ao de Tanure”.

O plano do Consórcio Oi deixaria os credores escolherem se querem trocar dívidas por ações ou por uma quantidade menor de dívidas recém-emitidas. O grupo também se concentraria em cortar custos e ampliar a produtividade.

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