Guerra comercial complica operação da Embraer na China

Por Benjamin D. Katz.

A crescente disputa comercial entre Estados Unidos e China está dificultando as coisas para a Embraer.

A China é o maior mercado para a unidade de aviões comerciais da fabricante de jatos brasileira, prestes a ser comprada pela americana Boeing, maior exportadora de aeronaves do mundo. A unidade, que será batizada como Boeing Brasil Commercial, busca aprovação da agência antitruste da China para o acordo e espera que dois modelos de jatos sejam certificados por Pequim para entregar as aeronaves às companhias aéreas chinesas.

“Estamos fazendo todo o possível para ficar longe do ambiente político”, disse John Slattery, responsável pela Embraer Commercial, em entrevista em Seul em 1º de junho. “A Embraer ganharia muito pouco comentando disputas comerciais entre as superpotências.”

Há muitos motivos para preocupação. O que começou como uma disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo ganhou enormes proporções. A China alertou que vai criar uma lista negra de entidades que poderiam prejudicar suas empresas nacionais, após a decisão dos EUA de interromper a oferta de componentes americanos para a empresa de tecnologia chinesa Huawei Technologies.

Por isso, para a futura empresa americana, a melhor estratégia seria assumir uma postura discreta, minimizar o fato de que tem um novo dono e esperar pelo melhor.

“A relação política entre China e Brasil é a única coisa sobre a qual posso falar”, disse Slattery. “Esse relacionamento é robusto e positivo. Estou esperançoso de que veremos, no curto prazo, a certificação dessas aeronaves”, disse, acrescentando que a empresa ainda espera concluir todas as aprovações antitruste ainda este ano.

Slattery afirma que a Embraer espera que o jato regional E175, de 80 lugares, seja certificado primeiro, seguido pela próxima geração, o E2-195. A Embraer tem atualmente cerca de 100 aeronaves voando na China, disse.

O mercado na China, particularmente na região oeste, onde a Embraer vê demanda potencial mais forte, é grande o suficiente para ambos os jatos e para que os novos modelos sejam desenvolvidos localmente, disse o executivo.

“É o maior mercado do mundo e vamos, com diligência e humildade, fazer tudo o que pudermos para ser uma parte significativa disso”, acrescentou.

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