Gurus do investimento aconselham apostar na América Latina

Por Aline Oyamada.

Investidores como a Pacific Investment Management Co. (Pimco) e a Schroders afirmam que os títulos corporativos latino-americanos têm margem para continuar subindo, porque o crescimento econômico está se recuperando e os governos de toda a região estão tomando medidas destinadas a facilitar a realização de negócios.

Títulos de empresas com sede na Argentina, no México e no Brasil retornaram pelo menos 10 por cento em média neste ano, superando o índice de referência do mercado emergente e os principais pares. O índice do JPMorgan Chase de bonds corporativos da America Latina ultrapassou o de mercados emergentes em mais de 3 pontos percentuais.

Os títulos latino-americanos foram respaldados por um salto nos lucros das empresas — os ganhos aumentaram quase 20 por cento no segundo trimestre em relação ao ano anterior —, provocado pelo crescimento econômico mais acelerado desde 2013. Os traders estimam que a alta receberá mais apoio de medidas como a reforma da previdência no Brasil, o relaxamento dos controles de preços na Argentina e o ajuste fiscal no México.

“O desempenho superior generalizado na América Latina — particularmente na Argentina, no México e no Brasil — reflete os grandes programas de reforma que vimos em cada um desses países e o cenário estável que essas reformas proporcionaram”, disse Kofi Bentsi, gestor de recursos dedicado a títulos corporativos do mercado emergente na Pimco, a segunda maior gestora de renda fixa dos EUA. Ele diz que a Argentina e o Brasil provavelmente continuarão tendo um desempenho superior.

Jim Barrineau, um dos chefes de dívida do mercado emergente da Schroders em Nova York, disse que a região se beneficiou de uma combinação dos maiores rendimentos entre os mercados emergentes e da melhoria das economias, especialmente no caso da Argentina e do Brasil, que superaram recessões profundas. Este contexto, segundo ele, tende a favorecer os títulos corporativos em relação aos títulos do governo.

“Eles são mais responsivos às mudanças no crescimento econômico”, disse Barrineau, que ajuda a administrar US$ 520 bilhões em ativos na Schroders. Seu fundo de títulos do mercado emergente superou 81 por cento dos pares neste ano.

Após dois anos de recessão, o produto interno bruto da América Latina crescerá 1,1 por cento neste ano e 2,4 por cento em 2018, de acordo com a mediana das estimativas de analistas consultados pela Bloomberg. Essas taxas continuam abaixo da média do mercado emergente, mas a enorme melhoria é suficiente para convencer os investidores de que a região está no caminho certo.

Christian Diclementi, gerente de portfólio da AllianceBernstein, disse que a América Latina teve uma melhoria econômica mais significativa que qualquer outra região. Ele não cita apenas a recuperação do crescimento, mas também a desaceleração da inflação, a melhoria do equilíbrio fiscal e da balança comercial e uma mudança política rumo a medidas menos populistas.

No Brasil, os esforços do presidente Michel Temer para reduzir o déficit orçamentário e melhorar a trajetória da dívida também fortaleceram as perspectivas para o setor corporativo. Os títulos emitidos pela estatal Petrobras estão entre as notas de melhor desempenho do País, sendo que cinco vencimentos diferentes retornaram mais de 22 por cento.

“Talvez as reformas no Brasil estejam acontecendo em um ritmo mais lento do que os mercados esperavam, mas o crescimento está retornando, as taxas estão caindo e a trajetória macroeconômica é boa”, disse Jack Deino, chefe de dívida corporativa dos mercados emergentes da BlackRock Financial Management. Ele prefere as empresas de petróleo e gás e as companhias financeiras no Brasil.

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