Por Vanessa Dezem.
O presidente da estatal de energia Eletrobras acredita que o polêmico plano para privatizar a empresa será concretizado neste ano, apesar da oposição de legisladores e da iminente eleição presidencial.
Os parlamentares têm condições para votar o projeto de lei para privatizar a maior empresa de energia da América Latina até julho, meses antes da eleição presidencial de outubro, disse Wilson Ferreira Jr., da Eletrobras, em entrevista à Bloomberg TV. A empresa contratará bancos no segundo trimestre para se preparar para uma oferta pública que possibilitará que a Eletrobras levante US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões no segundo semestre do ano.
“Temos uma grande chance de fazer a privatização neste ano — temos tempo suficiente”, disse Ferreira.
Privatizar a Eletrobras é a peça central do plano do presidente Michel Temer de vender 57 ativos estatais para ajudar a resolver a crise fiscal do país. No ano passado, o governo afirmou que as transações poderiam injetar R$ 40 bilhões no orçamento nacional até o fim de 2018, dando um impulso financeiro para reduzir déficits após a recessão mais profunda da história brasileira.
O plano enfrenta muita oposição. Parlamentares no Congresso argumentam que vender uma participação controladora na Eletrobras poderia elevar os preços da energia e ceder a investidores privados o controle de hidrelétricas ao longo de rios que desempenham papéis fundamentais nas economias regionais. Sete de cada 10 brasileiros estão contra a privatização de empresas, de acordo com o Datafolha.
Cristiane Spercel, analista da Moody’s, disse que as chances de acordo em 2018 são “difíceis”.
“O processo envolve mudar a lei, definições regulatórias e conseguir que o Congresso aprove todos os planos”, disse Spercel em entrevista. “É um processo burocrático que enfrentará polarização.”
Diluir participação
No entanto, Ferreira diz que a privatização é a melhor solução para a Eletrobras, que no mês de setembro acumulava uma dívida líquida de R$ 22,7 bilhões. A oposição, segundo ele, era de se esperar.
“Estamos reduzindo nossa força de trabalho e a Eletrobras tem negócios em todas as regiões brasileiras”, disse ele. “Há políticos que têm influência nas operações regionais da empresa, o que irá mudar com o processo de privatização.”
Temer, que está correndo para finalizar a venda antes da eleição de outubro, aprovou no mês passado um projeto de lei que delineia um plano para emitir uma quantidade suficiente de ações novas para diluir a participação do governo de 67 por cento para menos de 50 por cento. A Eletrobras se prepara para embarcar em uma campanha para persuadir os brasileiros a apoiarem a medida, disse Ferreira.
“Este é o melhor caminho para a empresa — melhor caminho para o país. Então, deveria ser o melhor caminho para os cidadãos”, disse Ferreira.
Além do plano de privatização, Ferreira está tentando diminuir a dívida da Eletrobras por meio de uma enorme reestruturação que exigirá reduzir a força de trabalho e vender seis subsidiárias de distribuição e 77 ativos de transmissão de energia elétrica e eólica.
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