Por Billy House.
Os eleitores americanos estão indo às urnas hoje e um desfecho é praticamente certo: um Congresso já disfuncional funcionará ainda menos, especialmente se Hillary Clinton levar a Casa Branca.
Seja qual for o partido que assumir controle do Senado, sua maioria será pequena. Assim, fica mais elusiva a margem de 60 votos necessária para que novas leis avancem. A expectativa é que os republicanos mantenham controle da Câmara de Deputados, mas com maioria menor, dando mais poder a ultraconservadores que no passado agiram para paralisar o governo.
O discurso amargo da campanha presidencial não vai terminar com a eleição. Os republicanos já estão se movimentando para investigar Hillary – e talvez tentar o impeachment – se ela vencer. Se o vitorioso for Donald Trump, ele chegará à Casa Branca acreditando que líderes de seu próprio partido no Congresso tentaram sabotar sua candidatura, mas que os eleitores ficaram do lado dele.
“O prognóstico para Washington se tornar mais funcional é ruim”, disse Wayne Lesperance, professor de ciência política da New England College, em Henniker, no Estado de New Hampshire.
Lista de tarefas
Muitos americanos encontram consolo no entendimento que um Congresso profundamente dividido não consegue aprovar leis polêmicas, mas os parlamentares têm uma substancial lista de tarefas a cumprir no ano que vem. A principal é o vencimento do teto da dívida do país em março.
Se providências não forem tomadas, o Tesouro pode enfrentar um calote sem precedentes já no meio do ano. O Congresso precisará forjar um novo acordo para o orçamento ou permitir que cortes profundos em programas de defesa e outros entrem automaticamente em vigor no ano fiscal 2018.
O Senado também precisará votar os nomes escolhidos pelo próximo presidente, incluindo juízes da Suprema Corte. Alguns senadores dos dois partidos falam da esperança de renascimento das ações bipartidárias no ano que vem. Porém, os ânimos ainda estão exaltados pelo fato de os republicanos terem barrado a nomeação de Merrick Garland à Suprema Corte e alguns senadores sugeriram que bloquearão qualquer nome escolhido por Hillary, o que também nunca se viu em Washington.
O preenchimento da vaga no mais alto tribunal do país tende a maximizar os sentimentos mais brutos de ambos os lados, não importa quem vencer.
No passado, margens estreitas de controle do Congresso forçavam parlamentares a entrar em acordo. Mas com os ataques da campanha e o número cada vez menor de moderados, isso significa que os parlamentares frequentemente pagam caro quando se distanciam da posição do partido.
Reféns da ideologia
No Senado – onde um cenário provável é que cada partido leve exatamente metade dos assentos e o vice-presidente tenha o voto decisivo –, uma maioria pequena significa que um ou dois senadores podem deixar seus próprios líderes reféns de demandas ideológicas. Entre os republicanos, isso dá mais poder a gente com o perfil do senador texano Ted Cruz. Os democratas têm de acomodar uma ala liberal, liderada por Elizabeth Warren, de Massachusetts, e Bernie Sanders, de Vermont, e moderados que precisam se reeleger em 2018, como Joe Manchin, da Virgínia Ocidental.
Na Câmara, com 435 integrantes, os republicanos vão perder assentos, mas os democratas praticamente não têm chance de lograr o ganho líquido de 30 assentos necessários para controlar a casa. Contudo, a maioria republicana será dominada mais intensamente pela direita, o que significa poder adicional para um grupo de aproximadamente 40 parlamentares ultraconservadores que pode pressionar o líder da Câmara, Paul Ryan, ou impedir que ele faça acordos com os democratas.
“Meu conselho para qualquer um na liderança do Congresso é que é sempre melhor governar do que não governar”, disse o deputado Charlie Dent, da Pensilvânia, um dos presidentes de um comitê de moderados da casa.
Segundo Dent, os esforços para chegar a acordos sobre as funções mais básicas de governo são atrapalhados por parlamentares “inflexíveis e excessivamente polarizados”.
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