Homens ingressam em conselhos com menos experiência que mulheres

Por Laura Colby.

Mais de três quartos dos novos diretores de empresas do sexo masculino são novatos, nomeados sem qualquer experiência prévia em conselhos de administração, segundo um novo estudo a respeito das maiores empresas de capital aberto do mundo.

É menos comum que as mulheres que integram conselhos não tenham experiência prévia. Quando uma mulher ganha uma cadeira no conselho, há 32 por cento de chances de ela já ter atuado como diretora em outra empresa, apontou o estudo. Quando um homem é nomeado, há 23 por cento de chances de ele já ter ocupado um assento em outro conselho. A diferença sugere que as mulheres enfrentam de forma desproporcional esse paradoxo: para serem nomeadas para um conselho, elas precisam já estar em um conselho.

O problema, diz John Roe, diretor-gerente da ISS Analytics, que realizou o estudo com 105.000 cargos de diretoria, é que a maioria dos membros do conselho é contratada por recomendação de diretores atuais, que costumam ser homens cujas redes de contatos tendem a consistir em pessoas parecidas a eles. Um estudo da PwC realizado no ano passado apontou que 87 por cento dos conselhos se baseavam em recomendações de seus integrantes, o que contribui para o efeito “mais do mesmo”.

Na Austrália, no Reino Unido e na Suécia, a diferença de experiência é maior que a média, descobriu a ISS. Nesses países, cerca de metade das novas diretoras chegam às empresas com experiência em conselhos, contra cerca de um terço dos homens. Apenas em um país — a França — os homens têm maior probabilidade que as mulheres de já terem assento em um conselho.

Uma consequência desse fenômeno é que algumas mulheres acabam participando de mais de meia dúzia de conselhos ao mesmo tempo. Nos EUA, Ann Mather, ex-executiva da Pixar, é diretora da Alphabet, da Arista Networks, da Netflix, da MGM Holdings, da Shutterfly e de algumas outras empresas. Maria Wai Chu Tam, de Hong Kong, aparece como membro do conselho de mais de 12 empresas. A francesa Delphine Arnault, executiva da LVMH e filha do fundador Bernard Arnault, é diretora da Havas, da Groupe M6, da Twenty-First Century Fox, da Ferrari e da Christian Dior, além de ter cargo no conglomerado de produtos de luxo.

Embora isso signifique que a empresa está contando com uma diretora experiente, também pode significar que não está obtendo as habilidades específicas necessárias para o cargo, disse Roe.

“As empresas estão limitando sua busca por profissionais”, disse ele, observando que diretores efetivos podem trabalhar 300 horas por ano. “Você terá toda a atenção do diretor?”

Um caminho para as mulheres entrarem para conselhos é trabalhar para a auditoria externa de uma empresa, disse Roe, uma experiência que pode explicar por que as diretoras mulheres frequentemente participam de comitês de auditoria. As regras sobre o pagamento de executivos no Reino Unido, na Austrália e nos EUA também fazem com que o comitê de remuneração seja mais regimentado e obtenha um significativo apoio externo, o que pode transformar essa função na mais apropriada para um membro de conselho menos experiente, disse Roe.

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