Por Matthew Bristow.
Honduras cogita contrair mais dívida em moeda estrangeira para aproveitar a queda recorde dos custos do crédito após vários anos de alta dos títulos do país.
“Estamos avaliando isso”, disse o presidente Juan Orlando Hernández em entrevista, em Nova York. “Agora temos acesso a quase US$ 1 bilhão que órgãos multilaterais nos ofereceram por quarenta anos a taxas preferenciais.”
O rendimento dos papéis em dólar com vencimento em 2024 do país centro-americano caiu pela primeira vez para menos de 5 por cento neste mês, frente a mais de 10 por cento há quatro anos, porque o governo de Hernández reduziu os déficits com um programa do FMI e o país se livrou do indesejável status de capital mundial do homicídio. Em julho, o Standard & Poor’s elevou a nota de crédito do país para BB-, mencionando as “políticas de finanças públicas disciplinadas” de Honduras.
“Eles passaram de ser um Estado quase falido a um queridinho do mercado”, disse Risa Grais-Targow, analista da Eurasia Group.
Se ele vencer a eleição de novembro, depois que a Corte Suprema autorizou a possibilidade de reeleição, Hernández seria o primeiro presidente a ter um segundo mandato desde o fim da ditadura militar, na década de 1980. A S&P alertou que a crescente concentração de poder é um risco e que “o sistema de controle e verificação políticos de Honduras ainda é fraco”.
O retorno de 83 por cento registrado pelos títulos do país denominados em dólar desde 2013 é o mais alto no Bloomberg Emerging Market Sovereign Bond Index, cuja média de retornos no período foi de 36 por cento durante esse período. Hernández disse que tentará dar continuidade ao programa do FMI se for reeleito. A votação está marcada para dia 26 de novembro.
A economia de US$ 22 bilhões se beneficiou com uma queda no preço do petróleo bruto, que o país importa, com o aumento da produção de café e com a recuperação dos EUA, que fortalece as remessas e as exportações. Neste mês, o FMI elevou sua projeção de crescimento para 2017 de 3,5 por cento para 4 por cento. A projeção de déficit fiscal para este ano, de 1,7 por cento do produto interno bruto, se compara com 8 por cento em 2013, segundo o FMI.
O país espera que o turismo possa se tornar uma grande fonte de moeda estrangeira se Honduras conseguir reduzir a violência o suficiente para que turistas estrangeiros se sintam seguros, disse Hernández. A taxa de homicídios caiu para 60 por cada 100.000 pessoas em 2015, 30 por cento menos do que três anos atrás, devido à redução da violência causada pelo tráfico de drogas. Honduras está tentando alcançar vizinhos mais ricos, como Panamá e Costa Rica, cujos cidadãos desfrutam de um PIB per capita mais de quatro vezes maior.
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