Por Vinícius Andrade
A angústia crescente em relação a um cenário político nebuloso faz com que os investidores adotem uma posição mais conservadora no mercado acionário brasileiro.
Temores sobre a possível eleição de um candidato anti-reformista em outubro e os obstáculos enfrentados pelo presidente Michel Temer a partir da greve dos caminhoneiros levaram o índice Ibovespa aos 74.151,50 pontos nesta quinta-feira, com queda de 14% nas últimas três semanas. O dólar se fortaleceu para acima de R$ 3,90.
“Parece que não haverá trégua, pelo menos no curto prazo”, disse Álvaro Bandeira, economista-chefe do Modalmais, braço de corretagem do Banco Modal. “O cenário se deteriorou desde a greve dos caminhoneiros, à medida que a crise fiscal se agravou e também há a percepção de que o Banco Central pode ter que elevar as taxas de juros, com o real se enfraquecendo rapidamente.”
À medida que operadores aumentam as apostas em uma alta da taxa de juros na próxima reunião do Copom em 20 de junho, as construtoras brasileiras e empresas de shopping centers, mais sensíveis às taxas, ampliam as perdas.
O UBS cortou a recomendação para as ações brasileiras para neutra, vendo uma deterioração significativa nos fundamentos do mercado devido ao cenário eleitoral nebuloso. No mês passado, as ações brasileiras viram o maior fluxo de saída mensal desde 2004, quando a bolsa começou a rastrear os fluxos.
E parece que as coisas não vão melhorar antes de outubro.
“Eventualmente, a eleição no Brasil entrará em maior foco e há espaço para desconforto e incerteza lá”, disse Aaron Visse, gestor de portfólio de mercados emergentes da Salient Partners.
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