Análise de Adeline Diab, diretora de pesquisa de ESG para a EMEA e APAC na Bloomberg Intelligence. Exibida antes no Terminal Bloomberg.
A agenda ESG está transformando fundamentalmente os mercados de capitais. Um 2022 turbulento — questões políticas, desaceleração de investimentos e preocupações com a segurança energética devido à guerra entre Rússia e Ucrânia — apenas intensificou o investimento em ESG. O momentum parece forte. Estes são cinco das principais questões que a equipe de analistas da BI vê surgindo:
Um aumento constante no fluxo de investimento em ETF de ESG após períodos voláteis.
Os ETFs de ESG vão experimentar fluxos de investimento estáveis e de longo prazo, graças a regulações mais fortes que apoiam o crescimento e a confiança do consumidor. Nosso cenário-base pressupõe que os ETFs de ESG devem representar 10% dos fluxos globais de US$ 800 bilhões até 2030, captando em média US$ 83,5 bilhões por ano, disse Diab. Nossos cenários de baixa e alta são de respectivamente US$ 50 bilhões (5% de participação) e US$ 120 bilhões (15% de participação) por ano. Embora o mercado global de ETF tenha crescido 20% em média nos últimos anos, a participação de ESG atingiu um pico de 20% em 2021 antes de despencar para cerca de 6,5% no ano passado.
Mais rebaixamentos da melhor classificação de ESG para fundos
Diab afirma que os rebaixamentos da principal classificação ESG da UE para fundos se acelerarão à medida que mais regras exigirem um maior escrutínio de possíveis erros de classificação e greenwashing. Com base em nossa análise, mais de 17% dos fundos classificados com o maior nível ESG, o Artigo 9, foram rebaixados para o Artigo 8 no quarto trimestre, o que significa que eles não têm um objetivo abrangente de ESG. Isto representa mais de 180 fundos e um total de US$ 126,3 bilhões, sendo 75% deles gerenciados pelo Credit Agricole, BlackRock e BNP Paribas. Também esperamos uma onda de rebaixamentos do Artigo 8 para o Artigo 6, que são aqueles que não têm objetivos ESG definidos.
Empresas de serviços públicos da UE se beneficiam da descarbonização
As empresas de serviços públicos europeias com um forte histórico de redução das emissões de dióxido de carbono apresentam valuations que parecem baixos em relação à qualidade financeira e perspectiva favorável, segundo Rahul Mahtani. Mais de 70% das empresas de serviços públicos que estão descarbonizando, incluindo a Enel e Iberdrola, têm valuations mais altos do que os implícitos pela relação negativa entre o lucro e a relação preço/valor patrimonial (correlação inferior a 40%). As empresas de serviços públicos — que reduziram as emissões ou intensidade de carbono em mais de 20% nos últimos três anos — tiveram um retorno de 42% desde 2019, superando os 31% dos pares do setor e os 18% do benchmark Stoxx 600.
A Lei de Redução da Inflação (IRA, na sigla em inglês) impulsionará o crescimento dos gastos com energia solar em até 40%
O foco da Lei de Redução da Inflação no setor solar pode ajudar a aumentar as instalações dos EUA em 30-40% em 2023 comparado ao ano passado, com base em nossa análise de cenários, que prevê um crescimento contínuo de dois dígitos até o final desta década. Embora a incerteza comercial persista com as barreiras às exportações chinesas e a possibilidade de Pequim proibir a exportação de tecnologia solar, Clelia Imperiali afirma que as perspectivas de longo prazo para o crescimento do setor nos EUA parecem mais fortes do que nunca. As perspectivas para a fabricação de equipamentos solares na Europa serão provavelmente limitadas pela desvantagem competitiva da IRA, a menos que o bloco adote um plano semelhante.
Reabertura da China acrescenta mais emissões do que o Canadá
Segundo Michelle Leung, a reabertura da economia chinesa pode aumentar a geração de energia deste ano em 6% e as emissões de dióxido de carbono em 5,3%, supondo que seu mix energético permaneça o mesmo. As emissões provenientes do carvão podem aumentar em 600 milhões de toneladas, um crescimento de 5,3% em relação a 2021 — superando as emissões anuais do Canadá. Nossas previsões são baseadas nos planos da China de aumentar a produção anual de carvão em 300 milhões de toneladas em 2023 para evitar uma grave crise elétrica e emissões de cerca de duas toneladas para cada tonelada de carvão térmico queimada, em linha com a média dos últimos cinco anos.