Dados e análises chegaram ao topo da lista de desejos de Wall Street. Juntos, prometem transformar a forma como investidores veem o mercado, lidando com informações rápidas e efetivamente, para descobrir novas fontes de retorno não vistas por fundos de ações com estratégia top-down. À medida que essas estratégias continuam a se consolidar, dados serão cruciais para a construção de uma vantagem competitiva.
No entanto, transformar a posição de uma empresa com abordagem baseada em intuição para uma cultura objetiva e orientada por dados pode ser um grande desafio. Isto exige uma adesão consistente dos executivos para se criar e sustentar uma mudança de cultura, cuja base inclui a contratação de uma equipe de profissionais experientes para coletar insights preditivos, a partir de dados ruidosos e a instalação de sistemas que absorvem, limpam e contextualizam novos conjuntos de dados. Tão importante quanto isso, líderes empresariais devem estar conscientes de que promover essa mudança requer tempo e dinheiro.
Não se trata apenas de comprar os conjuntos de dados corretos, mas desenvolver ferramentas e preparar indivíduos que adotem tomada de decisões estratégicas únicas, segundo Jon Neitzell, CDO de Fundamental Equities da Goldman Sachs, durante um painel da Bloomberg sobre dados alternativos.
Conforme as empresas se tornam mais à vontade com os dados, a construção de uma vantagem competitiva alcançará as empresas com as melhores culturas de dados.
Construindo uma equipe preparada para inovação
Isto começa com uma equipe de cientistas e engenheiros de dados ansiosos para assumir novos projetos de maneira sistemática. Cientistas com foco nos dados — preparando, limpando e construindo modelos que incorporam os mais recentes métodos quantitativos, como aprendizagem de máquina e inteligência artificial. A partir daí, o modelo é passado para os engenheiros, que mantêm uma infraestrutura que hospeda os dados e modelos.
Essa é uma abordagem bastante linear para dados estruturados, mas lidar com dados não estruturados é uma camada adicional de complexidade. O problema é que a maioria dos dados não estruturados, como áudio, vídeo ou imagens, permanece além do escopo dos atuais ambientes de computação, pois não podem ser facilmente classificados em um banco de dados. Entretanto, o volume de dados estruturados que aparece, tende a ofuscar todo o resto. Em vez de focarem na inovação de novos tipos de dados, profissionais de dados se encontram presos em um ciclo de atualização de sistemas antigos para dados já em evolução.
Parte do problema é que executivos raramente confiam ou entendem modelos de big data em geral e, consequentemente, não investem muito em seu desenvolvimento ou expansão.
Para resolver esse problema, algumas empresas estão considerando a ideia de adicionar a posição de Chief Data Officer para atuar juntamente com o CIO e CTO. Na prática, CDOs enfatizam a importância estratégica do uso de dados em uma empresa, criando propostas claras de valor. Elementos disso incluem a alavancagem de dados como uma vantagem competitiva para impulsionar o crescimento, a identificação de oportunidades de negócios potenciais e a construção de métodos padronizados de manipulação.
Selecionando os dados corretos
Uma área nos radares da maioria dos CDOs é o surgimento de dados alternativos — informações não tradicionais escondidas em plena vista. Gestores de portfólio quantitativos e fundamentais veem isso como a maior fonte única de alfa potencial. Esse recurso abre uma janela para o verdadeiro valor fundamental de uma ação e promove caminhos para a descoberta em grande escala.
Muitas vezes, os investidores observam dados alternativos como um sinal definitivo de compra ou venda. “Porém, não se trata de apenas uma única negociação”, diz Neitzell, “A maneira como pensamos sobre dados (não estruturados) é acerca de como eles podem nos ajudar a fazer perguntas melhores e compreender o valor econômico de diferentes modelos de negócios”. Uma maneira de incitar uma exploração de dados mais ampla é identificar problemas específicos e oportunidades de negócios que precisam ser abordados. Desta forma, empresas podem evitar o desperdício de recursos em dados que vão contra sua cultura e objetivos operacionais.
Para investidores, isso significa pensar criativamente para fazer novas perguntas e desenvolver uma estratégia que alinhe dados — tradicionais e não tradicionais — com um processo de investimento existente. Assim, mesmo quando a vantagem da informação começar a se desgastar, os dados alternativos ainda podem oferecer insights relevantes em vários setores.
Integrando sistemas que funcionam para todos
Antes de lidar com dados, as empresas devem desenvolver sistemas que os manipulem, limpem e padronizem metodicamente em uma fonte central. Mesmo assim, as ferramentas são muitas vezes projetadas por especialistas em estatísticas, em vez de acionistas e pessoas na linha de frente. A chave é promover um ambiente através do qual os gestores de portfólio possam acessar ferramentas intuitivas e conjuntos de dados que complementem seu atual universo de investimentos. Com o tempo, gestores começarão a adotar uma mentalidade quantitativa e replicar os métodos que funcionam bem.