Por Philip Sanders.
Em um país aparentemente obcecado em reduzir a desigualdade de renda, há um assunto delicado que nenhum político deseja mencionar, muito menos em ano eleitoral.
O governo do Chile ganha menos com o imposto de renda do que qualquer outro país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), formada por 35 membros — muito menos. Isso significa que os chilenos estão perdendo a oportunidade de aplicar mais impostos aos ricos.
Em vez disso, o governo da presidente Michelle Bachelet se concentrou em outras áreas do código tributário, optando por elevar o imposto corporativo em uma tentativa de financiar os aumentos de gastos com saúde e educação em 2014. Muitos atores da comunidade dos negócios atribuem a essa decisão a culpa pelos três anos de queda nos investimentos.
Parte dessa baixa coleta de impostos pode ser atribuída à fatia elevada de profissionais do Chile que escolhem ser pagos por meio de “sociedades de investimento” e que recebem lucros em vez de salários.
E não é o imposto de renda o que faz o Chile se destacar do restante da OCDE — a categoria máxima do país, de 35 por cento, está em linha com a de muitas outras nações.
O que é diferente é o limite fiscal. Os chilenos só começam a pagar impostos quando ganham 180 por cento da renda média, contra uma média de 39 por cento da OCDE.
Não é surpresa que nenhum candidato, da esquerda ou da direita, proponha impostos maiores à crescente classe média do Chile. Em vez disso, o debate antes da eleição presidencial de novembro se concentra em uma segunda reforma dos impostos corporativos para simplificar o sistema atual ou até mesmo reduzir taxas.
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