Indústria global da moda vislumbra recuperação após ano cruel

Por Paul Jarvis e Joelle Diderich.

Após um de seus anos mais difíceis, a indústria da moda, que movimenta US$ 2,4 trilhões, deve se recuperar em 2017, de acordo com relatório publicado nesta sexta-feira.

O fortalecimento de economias ao redor do mundo e medidas de reestruturação por grandes marcas, como Burberry Group e Ralph Lauren, significa que as vendas totais do setor podem crescer até 3,5 por cento no ano que vem, segundo estimativa da consultoria McKinsey. Seria um ritmo mais acelerado do que o crescimento calculado para 2016, de 2 por cento a 2,5 por cento, mas é provável que os dias em que a expansão das vendas do setor superava com folga o crescimento das principais economias tenham ficado para trás, de acordo com o relatório de 92 páginas produzido em parceria com o website The Business of Fashion.

Uma virada para a melhor seria um impulso bem-vindo a marcas de vestuário como a americana Abercrombie & Fitch, a alemã Hugo Boss e a japonesa Fast Retailing, que apresentaram queda nos lucros neste ano. As empresas são obrigadas a se adaptar às necessidades em constante mudança dos consumidores, especialmente os jovens, que estão ficando mais críticos e menos previsíveis em seus hábitos de consumo, segundo a McKinsey.

“Em 2017, esperamos que a indústria tenha um vislumbre de recuperação”, afirmou o relatório, prevendo maior progresso para os segmentos de luxo acessível e valor. Muitas marcas realizaram profundos cortes de custos e tomaram medidas de reestruturação e “agora estão prontas para capturar os benefícios”.

O otimismo está em alta entre os gestores do setor, de acordo com o relatório, que citou uma pesquisa da McKinsey junto a mais de 1.600 executivos. Aproximadamente 40 por cento dos entrevistados afirmam esperar melhora das condições do mercado em 2017. Um ano atrás, a parcela que esperava ambiente melhor era de apenas 19 por cento.

Essas esperanças vêm após um ano que se provou muito pior do que se pensava. Cerca de dois terços dos executivos relataram piora das condições nos últimos 12 meses, com desaceleração das vendas e estagnação das margens de lucro.

As marcas de primeira linha não devem esperar recuperação dramática tão cedo. Olivier Abtan, que chefia o grupo de luxo global da Boston Consulting Group, projeta para o segmento crescimento anual médio de 2 por cento a 5 por cento adiante, comparado a taxas de 8 por cento a 10 por cento na última década.

“O novo normal amanhã para a indústria de luxo será de crescimento bem mais fraco do que no passado”, alertou Abtan durante a conferência Luxury Forward, em Paris, na terça-feira. “É uma mudança fundamental para as marcas de luxo e não é temporária — é estrutural.”

Quem antes comprava luxo agora opta por artigos de menor preço, afirmou a McKinsey, beneficiando fabricantes do chamado segmento de luxo acessível, como Michael Kors Holdings e a marca de sapatilhas femininas Tory Burch.

Segundo Abtan, nenhum grande mercado de luxo vai compensar a desaceleração dos gastos dos chineses. Além disso, consumidores mais jovens mostram necessidades diferentes das gerações anteriores, com maior ênfase em experiências e no mundo digital.

“Os consumidores estão evoluindo de maneiras fundamentais”, disse Abtan. “As marcas precisam evoluir.”

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