Inflação em serviços e FX pode acelerar avanços de juros nos Andes

Por George Lei.

Chile, Peru e Colômbia podem, todos, ter de elevar as taxas de juro este ano para combater a inflação, mesmo com redução do crescimento. A desvalorização da moeda parece ser uma das principais causas do aumento de preços, mas a inflação de serviços teimosamente elevada pode ser a gota d’água que vai obrigar os bancos centrais a agir.

As três economias andinas começaram 2015 com perspectivas melhores do que a maioria da América Latina. Contudo, as previsões de crescimento para o ano foram, com regularidade, cortadas desde janeiro, de acordo com dados da Bloomberg: a previsão para o Chile foi reduzida em 175 pontos base, a do Peru em 50 pontos base e a da Colômbia em 120 pontos base.

Ao mesmo tempo, as previsões de consenso dos economistas – e até de alguns bancos centrais – colocam a inflação bem acima da meta até o fim de 2016. O mercado de trabalho, com pouco espaço nos três países, ajudou a fomentar a inflação no setor de serviços, que, tradicionalmente, é menos suscetível a mudanças na moeda e alterações nos preços de importação.

Compare essas economias com o México para ver a tendência. A inflação em serviços colombianos e chilenos estava equiparada à do México havia um ano, próximo da metade da meta de 2% a 4% na meta de índice de preços do consumidor (IPC).
 

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Desde então, os preços em serviços e a inflação em geral passaram a cair constantemente no México, um país que está vendo sua moeda sofrer desvalorização comparável (ou até maior) à moeda desses países. A moeda mexicana perdeu cerca de 11% do seu valor em relação ao dólar, em comparação com os 23% da Colômbia, 9,7% do Chile e 5,1% do sol peruano.

Enquanto isso, o Chile e a Colômbia passaram a ver um boom nos preços de serviços, colocando a inflação bem acima da meta do IPC. E no Peru, que não detalha a inflação em serviços, o IPC central vem sendo persistentemente maior que a inflação geral desde o início de 2013. O IPC central exclui itens que são mais afetados por alterações cambiais.

O Banco Central do Chile está insinuando que um aumento nas taxas de juro vai acontecer até o fim do ano. As autoridades do Banco Central colombiano discutiram o aumento das taxas em julho e agosto, e alguns dos membros do conselho de sete pessoas passaram a defender abertamente a subida.

No fim de agosto, o Peru passou a utilizar uma combinação de restrições comerciais e de instrumentos financeiros na tentativa de reduzir a desvalorização do sol. O país gastou mais de 9 bilhões de dólares das suas reservas para reduzir a queda da moeda, enquanto a Colômbia e o Chile não fizeram intervenções neste ano.

Alguns bancos, incluindo o Morgan Stanley, argumentam que o Banco Central do Peru vai precisar aumentar as taxas de juro, e em algum momento próximo, para conter a pressão nos preços.

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