Por Jana Randow e Carolynn Look com a colaboração de Alessandro Speciale.
Alguns representantes do Banco Central Europeu enxergam espaço para uso de pouco mais de 200 bilhões de euros (US$ 235 bilhões) no programa de compra de títulos no ano que vem, de acordo com funcionários a par do assunto.
Provavelmente, o BCE ficará sem dívida disponível para comprar sob as regras atuais quando passar um pouco de 2,5 trilhões de euros, segundo as fontes, que pediram anonimato porque o tema tem caráter privado. Com as compras chegando a 2,28 trilhões de euros no fim de 2017, as negociações visam resolver como distribuir a capacidade adicional, disseram.
Este limite é o piso dos volumes em discussão, colocando o Conselho Geral em situação potencialmente difícil na reunião de 26 de outubro, uma vez que alguns integrantes se preocupam em encerrar o programa de estímulo quantitativo com a inflação baixa. Atualmente, o BCE compra 60 bilhões de euros em papéis por mês. Na sexta-feira, a Bloomberg noticiou que a instituição estuda diminuir a quantia pelo menos pela metade a partir de janeiro, ampliando o plano até setembro e com provisão para fazer mais se necessário.
O Conselho Geral não discutiu oficialmente como entender o programa e o Comitê Executivo ainda não apresentou uma proposta.
Um porta-voz do BCE se recusou a comentar.
O mercado tem títulos suficientes para o BCE comprar mensalmente 30 bilhões de euros em 2018 sem atingir as restrições que impôs a si mesmo. Contudo, autoridades temem que os investidores relutem em vender os ativos. A redução das compras mensais para 25 bilhões de euros (225 bilhões de euros ao longo de nove meses) poderia aliviar algumas dessas preocupações, segundo as fontes.
Inflação longe da meta
Além das restrições criadas em parte para evitar problemas jurídicos, a disponibilidade de títulos é afetada por novas emissões, pela promessa do BCE de reinvestir os recursos dos ativos que vencem e pela necessidade de retenção de ativos seguros por determinadas organizações, como fundos de pensão.
Paralelamente, a forte recuperação econômica da zona do euro não tem sido capaz de impulsionar a inflação, o que desafia as autoridades e alimenta preocupações de que o estímulo quantitativo pode acabar cedo demais.
O Conselho Geral está profundamente dividido sobre a definição de uma data de término.
O presidente do BCE, Mario Draghi, afirmou em Washington no sábado que a instituição precisa ser paciente porque demora para os reajustes de preços tomarem fôlego. A inflação nos 12 meses até setembro ficou em 1,5 por cento, enquanto a meta é próxima de 2 por cento.
Planos para 2018
Alguns integrantes do BCE defendem a retirada gradual e definitiva das compras de ativos, argumentando que a quantidade de ativos em carteira é a fonte primária de estímulo. Outros dizem que o fluxo mensal precisa continuar até que a inflação na zona do euro esteja claramente arraigada.
O comandante do BC alemão (Bundesbank), Jens Weidmann, disse a repórteres em Washington na sexta-feira que não vê necessidade de expansão adicional do estímulo monetário, particularmente porque a postura “continuará sendo de acomodação extrema mesmo após o fim das compras líquidas de ativos”.
A contraparte dele no BC francês, François Villeroy de Galhau, avisou no domingo que “ninguém deveria se preocupar” com a desaceleração em vista das compras de títulos. Já o responsável pelo BC da Itália, Ignazio Visco, afirmou durante uma conferência no sábado que prefere não trabalhar com datas e períodos específicos quando se trata de reverter o estímulo quantitativo, dado que o BCE precisa da “flexibilidade que está no programa”.
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