Intervenção e sinais de “bazuca” desaceleram queda do peso mexicano

Por George Lei.

O peso mexicano se recuperou de níveis recordes negativos após o Banco Central prometer vender, pelo menos, 8,6 bilhões dólares de reservas de divisas em dólar e levantou a perspectiva de subida de taxas preventivas para afastar os especuladores. O Banxico terá de acompanhar o ritmo de aperto fiscal dos EUA para evitar mais pressão.

A moeda se firmou em 0,7 por cento − superando todos os mercados emergentes − na semana depois de 30 de julho, quando o Banco Central expandiu seu programa de venda de dólares para 200 milhões de dólares por dia de transação, em comparação com 52 milhões de dólares desde 11 de março. No mesmo dia, o Banxico permitiu vendas extraordinárias de 200 milhões de dólares se o peso cair 1 por cento em um dia, ante o percentual de 1,5 por cento estabelecido antes.
 

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As autoridades políticas parecem mais preocupadas com a velocidade de depreciação, que é nociva para a economia do México e para a estabilidade financeira. A moeda atingiu a maior baixa de todos os tempos, chegando a 16,489 em 30 de julho, e ainda está 8,7 por cento mais fraca neste ano, até 7 de agosto.

No entanto, o Banxico está ciente de que algumas centenas de milhões de dólares não são suficientes para manter a moeda em um nível específico quando o volume diário de negociação local, de acordo com o BIS, está em 57 bilhões dólares.

O governador Agustín Carstens enviou uma mensagem muito mais forte, em 31 de julho, dizendo que o México poderia começar os ajustes mais cedo que o FED nos EUA. Isso deixou a porta aberta para uma movimentação extraordinária do Banco Central antes da próxima reunião regular do Banxico, agendada para 21 de setembro. Esta é uma opção que não tinha sido exercida desde a crise financeira e contaria o senso comum de que o México sempre segue o Fed na política monetária.

Se o Banxico realmente subir as taxas de juro do patamar inferior recorde de 3 por cento, isso poderia ajudar a manter a diferença entre os rendimentos do governo mexicano e norte-americano, evitando, assim, grandes saídas de fundos de bonds de investidores buscando maiores rendimentos ao norte da fronteira.

Tais preocupações são especialmente agudas quando mais de metade dos Mbonos – títulos do governo com maturidade de pelo menos um ano − está nas mãos de investidores internacionais.

Economistas e operadores de swap de taxa de juro veem como resultado mais provável o México aumentando os juros em 25 pontos base na sua reunião de 21 de setembro, apesar do crescimento decepcionante e da inflação mais baixa em 40 anos, de acordo com uma pesquisa quinzenal do Banamex publicada em 5 de agosto.

NOTA: George Lei é um estrategista FX que escreve para a Bloomberg. As observações que ele faz são de sua própria responsabilidade.

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