Por Davison Santana.
As taxas de juros futuros devem continuar a ganhar espaço como a aposta preferencial dos investidores, já que o uso do câmbio como hedge pressiona o dólar a novas máximas.
Os contratos de DIs têm permanecido estáveis nas últimas semanas, mesmo quando as tensões com a guerra comercial entre EUA e China pesaram sobre o câmbio e a bolsa, já que a perspectiva de crescimento econômico fraco deve impedir qualquer pressão inflacionária no curto prazo.
A desconexão entre o câmbio e os juros futuros desde meados de junho ressalta a visão de que o repasse da desvalorização cambial para os preços locais será mínimo. O real enfraqueceu 9% nos últimos 30 dias, o pior desempenho entre as 32 moedas seguidas pela Bloomberg após o peso argentino.
Para Carlos Menezes, gestor de recursos da Gauss em São Paulo, a alta recente do dólar está atrelada a três razões principais: busca por hedge, carry trade menos atrativo e companhias que estão financiando suas dívidas em dólar com emissão local.
Os investidores estrangeiros adicionaram quase US$ 12 bilhões em posições compradas em dólar desde o final de junho, já que cobrem apostas no mercado juros.
O IPCA caiu para o menor patamar em mais de um ano em julho, aquém das previsões dos analistas, e alimentou expectativas de novos cortes da Selic. A perspectiva de juros menores reduz ainda mais o carry trade, pesando ainda mais na moeda.