Por Mark Shenk.
Os gestores de recursos perderam a fé na alta recente do petróleo e aumentaram as dúvidas sobre se os grandes produtores conseguirão fechar um acordo para o congelamento da produção.
Os futuros do petróleo West Texas Intermediate recuaram na semana passada pela primeira vez desde meados de fevereiro. Os preços haviam subido em relação ao menor valor em quase 13 anos com base na proposta da Arábia Saudita, da Rússia, da Venezuela e do Catar de limitar a produção de petróleo e reduzir o excedente global. Eles se reunirão com outros países em Doha, em 17 de abril.
O Irã informou que participará das negociações, mas descartou a limitação de sua oferta. O país está restaurando as exportações após o cancelamento das sanções, em janeiro. Depois, o príncipe herdeiro adjunto da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, disse em entrevista à Bloomberg que seu país congelará a produção apenas se o Irã e outros grandes produtores fizerem o mesmo. Isso derrubou o WTI em mais 4 por cento.
“As dúvidas em relação à reunião eram crescentes antes dos comentários sauditas”, disse Mike Wittner, chefe de mercados de petróleo do Société Générale em Nova York. “As pessoas que acompanham o mercado estavam assumindo a posição de que mesmo que fosse possível chegar a um acordo para congelar a produção sem o Irã, esse acordo seria o mesmo que nada”.
As posições vendidas sobre o petróleo WTI, ou as apostas de que os preços cairão, tiveram o maior aumento desde novembro na semana que terminou em 29 de março, segundo a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA (CFTC, na sigla em inglês). A liquidação de posições vendidas durante as sete semanas anteriores foi a maior já registrada.
Plano iraniano
O Irã planeja ampliar a produção de petróleo para 4 milhões de barris por dia, nível mais elevado desde 2008, antes de considerar unir-se a outros fornecedores para buscar formas de reequilibrar o mercado internacional de petróleo, disse o ministro do Petróleo, Bijan Zanganeh, no mês passado. A produção iraniana aumentou em 100.000 barris por dia em março, para 3,2 milhões, maior quantidade registrada desde maio de 2012, segundo uma pesquisa da Bloomberg.
“Não está claro o que eles têm para conversar”, disse Tim Evans, analista de energia da Citi Futures Perspective em Nova York. “Não sei nem por que eles querem se reunir em uma sala para conversar se os sauditas dizem que não vão congelar a produção a menos que o Irã faça o mesmo, e nós sabemos que os iranianos não têm intenção de cooperar”.
O petróleo WTI para entrega em maio caiu 7,6 por cento, para US$ 38,28 o barril, na semana do relatório, na Bolsa Mercantil de Nova York. O contrato chegou a perder 1,7 por cento na segunda-feira antes de subir 27 centavos de dólar, para US$ 37,06 o barril, às 8h25.
Posições vendidas
As apostas pessimistas aumentaram em 11.167 contratos, ou 17 por cento, para 75.598 posições na semana do relatório, mostram dados da CFTC. As posições vendidas atingiram o nível mais baixo em nove meses na semana anterior. As apostas otimistas tiveram um declínio de 3.647, para 296.614. A posição comprada resultante caiu 6,3 por cento, para 221.016.
“Havia um domínio de novas posições vendidas chegando ao mercado, e não de liquidação comprada. O aumento das posições vendidas pode refletir que eles pensam que a alta acabou”, disse Evans.
Em outros mercados as apostas pessimistas líquidas no diesel com ultrabaixo teor de enxofre dos EUA aumentaram em 4.073 contratos na semana, para 16.708, mostram dados da CFTC. Os futuros do diesel caíram 7,7 por cento. As apostas otimistas líquidas na gasolina negociada na Nymex aumentaram em 2.547 contratos enquanto os contratos futuros caíram 2,9 por cento.
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