Por Aline Oyamada.
Investidores cansados das maiores ações de tecnologia dos EUA após sua alta sem precedentes e o recente período de volatilidade estão analisando alternativas mais baratas nos mercados emergentes.
Assim como seus pares dos EUA, as gigantes do setor de tecnologia dos países em desenvolvimento, como Samsung Electronics e Tencent Holdings, dispararam neste ano, mas estão sendo negociadas com o maior desconto em sua avaliação em quase 18 meses. Para os otimistas com o mercado emergente, a lógica é: por que comprar ações da Amazon.com a 67 vezes os resultados projetados se a proporção da Alibaba Group Holding é de apenas 29 vezes.
A diferença entre as avaliações deve diminuir durante os próximos anos, o que torna os mercados emergentes a melhor aposta para quem deseja ações de tecnologia, mas receia que a alta das ações chamadas FANG — Facebook, Amazon, Netflix e a empresa controladora do Google, Alphabet — vai se reverter, de acordo com Heinz Ruettimann, analista da Julius Baer Group.
“Se eu tivesse que escolher para os próximos três a cinco anos, eu acrescentaria ações de tecnologia da informação de mercados emergentes”, disse ele. “As perspectivas de crescimento futuro são melhores.”
As ações de tecnologia da informação no MSCI Emerging Markets Index subiram 35 por cento neste ano, superando o ganho de 20 por cento do Nasdaq 100 Stock Index. Assim como nos EUA, a alta foi encabeçada apenas por alguns dos maiores nomes: Samsung, Tencent, Alibaba, Taiwan Semiconductor Manufacturing e Naspers foram responsáveis por quase um terço do avanço registrado pelo indicador do mercado emergente neste ano.
Mas o índice de ações de países desenvolvidos continua sendo negociado com um ágio de 36 por cento na razão entre preço e resultados projetados, quase o maior desde novembro de 2015 e mais que o dobro do patamar registrado um ano atrás. Ruettimann diz que esse abismo vai diminuir à medida que as empresas do mercado emergente desenvolverem marcas, canais de redes sociais e ciclos empresariais próprios.
O Goldman Sachs Group também prefere as empresas de tecnologia dos mercados emergentes em detrimento de seus pares dos EUA. John Marshall, estrategista de pesquisa sobre derivativos no banco, disse em nota a clientes que as avaliações das megaempresas de tecnologia da Ásia não parecem tão distendidas e que a maioria dos riscos de queda está contabilizada. Além disso, no dia 16 de junho, analistas do banco excluíram as gigantes do setor tecnológico dos EUA de uma cesta de ações com a melhor razão entre risco e recompensa. O MSCI Emerging Markets Information Technology Index caía 0,5 por cento às 12:12 em Londres.
Morgan Harting, gerente de portfolio da AllianceBernstein em Nova York, afirma que vem aumentando a exposição às ações do mercado emergente desde o começo do ano, estimulado pela perspectiva de crescimento futuro, por avaliações atraentes e por fatores técnicos favoráveis. Seu fundo AB SICAV I – Emerging Markets Multi-Asset Portfolio retornou 11 por cento neste ano, superando 71 por cento dos pares, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
“O mercado está recompensando companhias em um conjunto limitado de modelos corporativos que têm um bom impulso e alta rentabilidade”, disse Harting. “Estes têm sido considerados bons casos de crescimento.”
Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.