Investidores da China recorrem a dívidas soberanas após calotes

Por Bloomberg News.

Uma fuga para a qualidade está prestes a acontecer no mercado de títulos da China.

Catorze dos 22 participantes de uma pesquisa da Bloomberg com investidores e analistas disseram que estão mais interessados em comprar títulos emitidos pelo governo e por bancos públicos no próximo trimestre, contra apenas quatro de 19 em uma pesquisa semelhante realizada três meses atrás. Uma sequência de calotes é o maior risco a ser enfrentado pelo mercado de títulos da China nos próximos três meses e os prêmios deverão aumentar, segundo as respostas mais populares da pesquisa.

A mudança no sentimento surge em meio à crescente pressão sobre as empresas locais, com o número de calotes em títulos somando quase o triplo de todo o ano de 2015 e uma dívida recorde de US$ 331 bilhões a ser refinanciada neste ano. O apelo da dívida soberana aumentou nos últimos dias, com o yield de 10 anos eliminando o avanço deste ano depois que a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia estimulou a demanda por ativos seguros e que o banco central intensificou as injeções de recursos.

“Ainda há muito dinheiro no mercado e os investidores precisam procurar ativos mais seguros”, disse Liu Dongliang, analista sênior do China Merchants Bank em Shenzhen. “Após calotes até de algumas das empresas com melhor classificação, neste ano, os investidores estão descobrindo que só os títulos soberanos podem garantir segurança. Os riscos de crédito provavelmente continuarão piorando porque a economia ainda não se estabilizou completamente”.

Os cancelamentos e atrasos das vendas de títulos provavelmente continuarão no terceiro trimestre, segundo 15 participantes da pesquisa realizada de 24 a 27 de junho. Catorze disseram que a frequência dos calotes provocará o maior efeito sobre os prêmios de crédito, enquanto oito citaram os esforços do governo para reduzir a alavancagem e a capacidade excessiva.

Em um indicativo de aumento da demanda, um índice soberano da Bloomberg China mostra pouca mudança em relação ao fim de março, mesmo a emissão já tendo subido para três quartos do total do ano passado. O financiamento líquido de notas corporativas entrou em território negativo em maio pela primeira vez na história, enquanto as empresas se preparavam para pagar 2,2 trilhões yuans em dívidas no segundo semestre deste ano.

Os prêmios de crédito das dívidas corporativas de cinco anos com classificação AA sobre os títulos soberanos caíram para 169 pontos-base após tocarem a maior alta em seis meses em abril, de 200 pontos-base, mostram dados compilados pela Bloomberg. O yield do governo caiu três pontos-base na quinta-feira. Os lucros das empresas industriais chinesas subiram 3,7 por cento em maio em relação a um ano antes, diminuindo em relação aos 4,2 por cento do mês anterior, mostrou um relatório oficial na segunda-feira.

Dezessete títulos negociados publicamente deixaram de ser pagos até esta altura do ano, contra seis em 2015, mostram dados compilados pela Bloomberg. A dívida corporativa da China enquanto porcentagem do produto interno bruto subiu para um recorde de 165 por cento no ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg.

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