Por Vinícius Andrade
No início de 2018, era quase consenso entre investidores e analistas que a recuperação cíclica do Brasil respaldaria resultados corporativos melhores ao longo do ano e pressionaria o Ibovespa para cima. Mas o horizonte não é tão promissor, afinal de contas.
O crescimento econômico abaixo do esperado e o real desvalorizado ainda não foram computados nas estimativas dos analistas e os riscos negativos para os balanços prevalecem, escreveram os analistas do UBS Sambuddha Ray e Alan Alanis em nota. O UBS reduziu a meta de preço do Ibovespa para o fim de 2018 de 83.000 para 73.000 e disse ser “improvável” que haja uma recuperação significativa das ações brasileiras em meio à incerteza crescente em relação ao resultado da eleição e à piora relativa do cenário macro.
“O cenário atual do Brasil está nublado”, diz Ray Zucaro, diretor de investimentos da RVX Asset Management em Aventura, na Flórida. “Temos medo de que, considerando o longo período até as eleições, tenhamos um mercado bastante agitado pela frente”, disse. O Ibovespa acumula queda de 6 por cento no ano até o momento.
O Bank of America Merrill Lynch rebaixou recentemente as ações brasileiras para underweight, mencionando que espera revisões para baixo nas projeções para os lucros corporativos. As estimativas de crescimento da maior economia da América Latina atingiram o menor nível desde maio de 2016 e os economistas avaliam o impacto da greve nacional dos caminhoneiros.
“A força da greve dos caminhoneiros e o fato de ter provocado uma paralisação literal do país e de o governo ter cedido à pressão só reforçam nossa perspectiva negativa”, disse Zucaro. “Estamos cautelosos em relação à nossa perspectiva para os lucros.”
Mas apesar da expectativa de impacto nos resultados, é provável que eles se mantenham em uma faixa saudável, segundo o JPMorgan. “A recuperação está mais lenta, mas continua”, escreveu a estrategista Emy Shayo em relatório. Em comparação com o início do ano, o JPMorgan atualmente estima que a economia brasileira crescerá 60 por cento menos em 2018 — 1,2 por cento.
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