Investidores em petróleo apostam em alta dos preços

Por Mark Shenk.

Os estoques de petróleo no nível mais alto em 86 anos e os alertas quanto ao excesso persistente da commodity não foram suficientes para impedir que gestores de recursos apostem em uma recuperação dos preços.

As posições compradas de especuladores no West Texas Intermediate atingiram o nível mais elevado desde junho depois que o barril chegou ao patamar mais baixo em 12 anos, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA, a CFTC. Apesar do rali de 12 por cento na sexta-feira, o WTI encerrou a semana passada em queda de 4,7 por cento. Na segunda-feira, os preços subiam 1,1 por cento, para US$ 29,77 o barril, às 10:01 em Nova York.

Empresas do setor de petróleo, como a Chevron e a Anadarko Petroleum, disseram que vão reduzir gastos para preservar caixa. Um grupo de 44 empresas norte-americanas de produção e exploração planeja investir US$ 78 bilhões em projetos neste ano, contra US$ 101 bilhões no ano passado, segundo a IHS.

“Há um número crescente de pessoas que pensam que o mercado chegou ao fundo”, disse Phil Flynn, analista sênior de mercado do Price Futures Group em Chicago. “Há uma percepção crescente, após todos os anúncios de cortes de despesa de capital, de que nós vamos ver uma queda na produção”.

Perspectiva sombria

O aumento das apostas otimistas coincidiu com o momento em que as maiores empresas de petróleo do mundo lamentaram a situação do mercado na Semana Internacional do Petróleo, em Londres. “O setor do petróleo está enfrentando uma crise”, disse Patrick Pouyanne, presidente da Total, maior empresa de refino da Europa. O diretor-presidente da BP, Bob Dudley, se descreveu como “muito pessimista”.

A Agência Internacional de Energia aumentou para 250.000 barris por dia sua estimativa para o excesso de oferta global no primeiro semestre do ano. A preocupação de que o excesso está piorando levou o desconto para contratos para o mês à frente contra um mês depois ao maior nível desde 2011. O aumento do contango encorajou os traders que procuram armazenar petróleo para vendê-lo a um preço mais elevado no futuro a alugarem superpetroleiros mais caros já que os tanques em terra estão cheios.

Os estoques em Cushing, Oklahoma, ponto de entrega do WTI, atingiram um nível recorde na semana terminada em 5 de fevereiro e as ofertas dos EUA estão perto do nível mais alto desde 1930, mostram dados da Administração de Informação de Energia.

A posição comprada dos especuladores no WTI aumentou em 1.152 contratos, para 302.384 futuros e opções, na semana terminada em 9 de fevereiro, mostram dados da CFTC. Os vendidos, ou seja, as apostas na queda dos preços, caíram 2,1 por cento. As posições líquidas compradas aumentaram 5 por cento ao nível mais alto em três meses.

O volume negociado atingiu alta recorde na quinta-feira quando os preços caíram ao nível mais baixo desde 2003. A volatilidade também está aumentando. Na sexta-feira, o índice CBOE Crude Oil Volatility, que mede as expectativas de oscilações de preço, atingiu o nível mais elevado em sete anos.

Outros mercados

Fundos tomaram posição contrária com o Brent. Especuladores cortaram posições líquidas compradas do nível mais alto em cinco anos, com uma redução de 9,2% para 265.332 contratos na semana terminada em 9 de fevereiro, segundo dados da ICE Futures Europe.

Em outros mercados, as apostas pessimistas no diesel de ultrabaixo teor de enxofre dos EUA caíram 6,8 por cento, para 22.157 contratos. Os futuros do diesel caíram 3,6 por cento no período. As apostas otimistas na gasolina Nymex caíram 1,9 por cento, para 14.056 contratos, e os futuros tiveram queda de 10 por cento.

Na semana passada, um relatório da Wood Mackenzie mostrou que foi eliminada uma produção de apenas 100.000 barris por dia até o momento por causa dos preços baixos. O número não inclui quedas naturais de produção provocados pelo envelhecimento dos campos.

“Nós nos tornamos muito impacientes”, disse Sarah Emerson, diretora da ESAI Energy, empresa de consultoria de Wakefield, Massachusetts. “Os cortes de investimento provocarão queda na produção dos EUA neste ano, mas isso leva um tempo”.

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