Investidores mirando na América Latina impulsionam novas oportunidades

Com mercado em declínio, empresas procuram por novos investimentos

Geração de novos investimentos aumenta a liquidez, reduz a volatilidade e leva ao valor justo de mercado – todos cruciais para o sucesso empresarial. Mas qual é a melhor abordagem para garantir esses investimentos quando a sua região inteira está passando por um período de inquietação dos investidores enquanto as únicas empresas a terem boa liquidez e atenção do sell-side são as grandes corporações?

Esta é a situação atual na América Latina, onde uma queda do apetite para investimento em empresas listadas, devido à instabilidade política e econômica, resultou em bases acionárias estagnadas nos últimos anos.

“Nos últimos três anos vimos um declínio na economia, juntamente com dificuldades nos mercados de capital, o que significa que praticamente não houve aumento de capital desde que a crise econômica começou”, diz Nuno da Silva, chefe da América Latina do BNY Mellon. “As empresas não os têm seduzido, e o mercado não têm sido muito receptivo de qualquer maneira.”

Então, o que as empresas latino-americanas podem fazer para entrar nos trilhos? Uma abordagem proativa de segmentação é vital, diz Da Silva. “Algumas empresas recorrentemente têm uma abordagem passiva e dependem exclusivamente do sell-side, pensando que se dedicam exclusivamente por, e para, eles”, ressalta. “A realidade é, naturalmente, que o sell-side tem um negócio para tocar, e seu modelo de negócio favorecerá as oportunidades que trouxerem lucro”.

“Ao empregar uma abordagem estratégica para identificar e reunir-se com investidores compatíveis e usando táticas como a análise detalhada do alvo que identifique com sucesso qualquer grupo de capital investidor fora da matriz do sell-side, as empresas latino-americanas podem aproveitar de oportunidades reais.”

A empresa brasileira Natura iniciou o seu primeiro programa de direcionamento em 2013 usando dados da Bloomberg para desenvolver uma lista de clientes potenciais com base em critérios como a geografia, métricas de ESG e decisões de investimento prévias.

“Nós concluímos com uma lista de cerca de 200 instituições que se enquadravam em nosso perfil e em seguida definimos dois anos para executá-la e fazer contato com os gestores de fundos”, explica Fabio Cefaly, Diretor de Relações com Investidores da Natura. “O benefício para nós foi a oportunidade para se reunir com investidores que não eram necessariamente conhecidos por nossos corretores e o fato de que nós poderíamos desenvolver uma metodologia própria para contatá-los.”

E qual foi o sucesso do programa? “Foram avaliados dois aspectos diferentes da segmentação”, diz Cefaly. “O primeiro foi a criação de nossa lista original de 200 instituições – os resultados finais mostraram que visitamos cerca de 75 por cento dos gestores. A segunda consideração foi a taxa de conversão. Esta é, obviamente, mais difícil de medir com precisão uma vez que nós nunca sabemos bem quem tem fundos na nossa base de acionistas, mas fez ver nossa base de acionistas na Ásia – um dos alvos geográficos fundamentais da nossa lista – crescer de menos de 5 por cento no início para cerca de 15 por cento ao fim de dois anos.”

Apesar dos problemas recentes da América Latina, os resultados corporativos do último trimestre mostram que Brasil, Argentina e Chile estão indo bem no primeiro semestre de 2016, sinal de que a região pode estar virando a página. Parte disso pode ser atribuído a programas de reforma. “Houve uma quantidade considerável de reformas macroeconômicas e regulamentares na Argentina e Brasil, e essas mudanças têm sido bem recebidas pelos investidores, criando confiança no mercado”, diz Da Silva. “Estamos vendo que os investidores começam a voltar para a região de forma seletiva – não com os mesmos números de antes, mas também não voltam em níveis insignificantes.”

Felipe Saraiva, RI da Duratex com sede no Brasil, concorda que as coisas estão melhorando, mas explica que o risco potencial de mais problemas no mercado levou a Duratex a iniciar seu próprio programa de direcionamento de investidores, dentro de casa.

“Acreditamos que há sempre mais para ser feito em casa, por isso estamos desenvolvendo uma nova metodologia para identificar o perfil dos nossos investidores e trabalhar em melhores práticas de comunicação caso o interesse do mercado caia novamente”, diz ele. “Para nós, a principal vantagem de fazer o nosso próprio direcionamento a investidores, ao invés de depender do apoio de corretores, é nos aproximar deles – podemos otimizar o tempo de nossas reuniões e adequá-las aos temas que são mais interessantes para os investidores individualmente.”

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