Por Gavin Serkin.
Investir em mercados emergentes parece ser um pouco conturbado, mas o futuro é promissor, de acordo com uma pesquisa com profissionais da área financeira que participaram do Emerging Markets Bootcamp da Bloomberg. O evento, realizado anualmente, atraiu mais de 180 analistas e investidores para a sua sede em Nova York, nesta quinta-feira.
Quando perguntados se 2016 vai trazer uma recuperação para as ações de mercados emergentes ou um quarto ano de perdas sem precedentes, o público foi, na maioria, otimista. 46% disseram que esperam uma recuperação nos mercados emergentes em 2016 e outros 15% esperam uma grande recuperação. Os pessimistas ou 27% responderam que haveria uma ligeira perda e, apenas 12% acreditam em grandes perdas.
“Os desafios na Rússia e no Brasil criam grandes oportunidades para players eficientes”, disse Derrick Irwin, gerente de portfólio da Wells Fargo, que administra o fundo de US $ 3,4 bilhões, Wells Fargo Advantage Emerging Markets Equity Fund. “Quando o Brasil se recuperar, suas empresas mais eficientes terão o potencial de se superar”, disse ele.
Irwin enfatizou que “devemos observar a China”, acrescentando que ele está atento às ações do Federal Market Open Committee e à Arábia Saudita, onde, segundo ele, as oportunidades deverão surgir.
Na África, Irwin disse que o continente lucrou mais do que todos os outros, em termos de fluxos de capital ao longo dos últimos dois anos. E destaca o apreço às companhias de seguros em Gana, pois elas não estão ligadas ao ambiente de taxa de juros.
“Nós não vimos qualquer redução no apetite de investidores institucionais em relação à dívida de mercados emergentes,” disse Pablo Goldberg, gerente de dinheiro na BlackRock. E acrescentou que a “procura por rendimento” está em alta.
A elevação da taxa pelo Fed pode realmente criar um apetite por mercados emergentes, disse ele. A próxima alta não será muito elevada, por isso as taxas não irão muito além do cenário atual, o que poderia levar os investidores para os mercados emergentes.
“Os maiores perdedores em mercados emergentes são os países que não estão se ajustando”, disse Goldberg, acrescentando sua consideração à Rússia, mas afirma ser cauteloso em relação ao Brasil e Equador.
“Eu não visualizo nenhum problema de compra na Rússia, pois o risco de inadimplência é quase inexistente”, disse Paul DeNoon, que investe em dívida de mercados emergentes na AllianceBernstein. DeNoon foi um dos quatro palestrantes no painel “Navigating the Next Wave: The Practitioner View” (Navegando a Próxima Onda: a visão do profissional”.
Embora não haja problemas de curto prazo com a Rússia, DeNoon não pretende investir em longo prazo, pois o mercado russo enfrenta situações como o direito de Estado, a liberdade e a democracia.
David Robbins, diretor administrativo da Trust Company of the West (TCW), disse que espera que as moedas emergentes se estabilizem em breve. “As moedas locais tendem a se estabilizar antes do início do ciclo restritivo do Fed”, finaliza.