Por Lu Wang e Sarah Ponczek.
É o dilema que sempre aparece quando as bolsas derrapam e a volatilidade volta a dar as caras: suportar ou fugir com o que pode?
A pergunta é óbvia, mas a resposta não. Será que os tempos de vacas gordas acabaram? As ações de Facebook e Amazon estão em queda livre, a curva de juros nos EUA se achatou e o banco central americano está empenhado em elevar os juros. Por outro lado, as empresas estão lucrando mais, a economia está em expansão e existem planos bilionários de recompra de ações.
Os fatos são bem conhecidos pelos investidores que decidiram vender ações após o Brexit e após a última eleição presidencial nos EUA ou nas cinco correções do mercado desde 2009, que são tão parecidas com esta. Primeiramente, é difícil enxergar o que há no fim do túnel. Em segundo lugar, dá para ganhar muito dinheiro na crista da onda. E em terceiro lugar, corre sério risco a carreira do gestor que perder a oportunidade de ganhar agora.
Sair do mercado prematuramente “pode custar 6 ou 8 por cento ou até 10 por cento”, alertou John Augustine, diretor de investimentos do Huntington Private Bank, de Columbus, no Estado americano de Ohio. “Pode ser muito para quem vive no mundo do retorno nominal de 2 por cento.”
Processo para chegar ao topo
“O processo do mercado para chegar ao topo costuma criar um ambiente de maior retorno, ´por isso é difícil entender em que pé estamos”, disse Matt Forester, diretor de investimentos que ajuda a supervisionar US$ 7,9 bilhões na Lockwood Advisors, em King Of Prussia, na Pensilvânia. “O processo pode continuar por algum tempo e não muda de repente.”
Mesmo as maiores quedas costumam ser revertidas e, por isso, vender na hora errada geralmente é um erro maior do que aguardar pelo fundo do poço. Nas últimas oito décadas, o S&P 500 registrou avanço mediano de 21 por cento no ano anterior a um pico, comparado a uma queda mediana de 15 por cento no ano seguinte.
Em 67 por cento dos casos, os ganhos foram suficientes para reverter as perdas no ano seguinte, de acordo com dados compilados pelo Bank of America.
“Basta não me mexer que já fico à frente”, disse Scott Clemons, estrategista-chefe de investimentos em Nova York da Brown Brothers Harriman, que supervisiona US$ 32,1 bilhões em ativos de fortunas privadas. “É a sabedoria de não tentar prever quando as coisas acontecerão nos mercados.”
Além do estudo do Bank of America, também existem pesquisas sobre a perda do investidor que não participa das maiores altas diárias das bolsas.
Um estudo realizado em 2011 por Meb Faber, da Cambria Investment Management, concluiu que a não participação nos 200 melhores pregões entre 1928 e 2010 derrubaria o retorno anual no mercado de ações de 4,9 por cento para uma taxa negativa de 7,1 por cento.
Já a não participação em todos os melhores e piores dias proporcionaria retorno pouco acima da média. O autor sugere que é possível aproveitar esse movimento porque os pregões mais voláteis se acumulam quando o S&P 500 fica abaixo da média em 200 dias.
Por esta linha de raciocínio, os investidores deveriam ficar alertas. Nesta semana, o índice caiu para abaixo dessa média pela primeira vez em quase dois anos. Embora esteja longe dos patamares da crise de 2008, o S&P 500 subiu ou caiu 2 por cento sete vezes neste ano. Isso não ocorreu nem uma vez em 2017.
Será o fim? É só isso que Wall Street quer saber.
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