Por Josué Leonel e Vinícius Andrade.
O IPCA de março que será divulgado nesta sexta-feira deve mostrar nova desaceleração, com o índice em 12 meses encostando no centro da meta de 4,5% – proximidade que não ocorre há quase sete anos. Analistas veem, contudo, baixa probabilidade de o resultado afetar as expectativas para o Copom da próxima semana, cujas apostas indicam redução de 1 ponto porcentual da Selic, para 11,25% ao ano.
A estimativa mediana em pesquisa Bloomberg aponta IPCA de 0,25% na comparação mensal, abaixo da variação de 0,33% em fevereiro. Em termos anuais, índice previsto é de 4,57%, vindo de 4,76% no mês anterior. A última vez que o IPCA em 12 meses ficou no centro da meta foi em agosto de 2010, quando atingiu 4,49%.
“O que dá conforto nos números é que o processo de desinflação tem ficado mais espalhado”, diz David Beker, chefe de economia e estrategista do Bank of America Merrill Lynch para Brasil, em entrevista por telefone. Para ele, o grande destaque do IPCA deve ser a continuidade de queda na comparação anual, que estará bem próximo ao centro da meta.
Sem surpresa no radar
Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, espera dissipação do efeito de alta da mensalidade escolar e redução de preços de combustíveis. Por outro lado, pressões de alta podem vir de energia elétrica, por conta da bandeira amarela, e de alimentos in natura.
Item comunicação deve desacelerar por conta da redução da tarifa de ligações de telefone fixo para celular, enquanto a principal queda deve aparecer em transportes, diz Rosangela Lima, economista da Caixa Econômica Federal. “Teremos também a dissipação dos reajustes de matrícula em educação, o que equilibra a volta do grupo de alimentação. Habitação acelera também.”
Rosangela acha improvável que o resultado do IPCA tenha impacto na decisão do Copom. “A nossa projeção está próxima com a do mercado, o que mostra que existe um consenso que vai de acordo com o que o BC já estava projetando.”
Beker, do BofAML, disse que a revisão das projeções de IPCA em cenário com juro e dólar constantes e num cenário híbrido, anunciada na noite de terça-feira pelo BC, não afeta as expectativas sobre Selic. “O próprio banco central tinha mencionado que neste momento de afrouxamento alguns dos cenários perdem relevância.”