Por Vinícius Andrade e Josué Leonel.
A inflação medida pelo IPCA pode ter leve aceleração mensal em fevereiro com os reajustes de educação, típicos de começo de ano, mas o índice em 12 meses deve recuar e se aproximar do centro da meta de 4,5%, enquanto mercado mantém apostas em possível aumento do ritmo de corte dos juros em abril.
As estimativas em pesquisa Bloomberg com 43 economistas apontam que o IPCA de fevereiro ficará em 0,43%, acima de 0,38% em janeiro. Em contrapartida, o índice em 12 meses deve recuar para 4,86%, de 5,35% em dezembro. Caso o resultado corresponda à estimativa, a inflação em 12 meses será a menor desde novembro de 2010.
O efeito sazonal negativo da educação será contrabalançado pela maior deflação do grupo de alimentos e bebidas e a queda do preço dos combustíveis, segundo economistas.
“O comportamento bastante positivo de alimentos deve continuar e outros fatores, como transportes, também devem contribuir para um número baixo, seja por conta de questão dos combustíveis como de passagem aérea”, diz Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.
“Se número será 0,43%, 0,45% ou 0,40%, o mais importante é que temos alimentos em deflação”, diz José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
O recuo da inflação acontece no atual ambiente de recessão econômica, com dois anos seguidos de queda no PIB. Embora o governo afirme que a retomada já começou, economistas dizem que o processo de recuperação será lento.
Por isso, é crescente no mercado financeiro a visão de que o Banco Central poderá aumentar o ritmo dos cortes de juros, de 0,75 pp para 1 pp, na próxima reunião em abril. No encontro de fevereiro, quando reduziu a Selic para 12,25% ao ano, o Copom apontou que “a retomada na desinflação dos preços de alimentos constitui choque de oferta favorável, que pode ter efeitos secundários na inflação”.
Para Rafael Cardoso, economista da Daycoval Investimentos, não seria uma postura agressiva cortar 1 pp já que inflação está caindo forte e BC não está reduzindo o juro real. “Se alimentação apontar para deflação um pouco mais forte, e adjacente de serviços também vier mais fraco do que IPCA-15 está apontando, isso pode corroborar ideia de que cortes serão mais agressivos”, diz Leonardo Costa, economista da Rosenberg e Associados.
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