Isso não funcionou como o planejado: fim do monopólio da Pemex

Por Adam Williams.

O momento não poderia ter sido pior. O fim do monopólio de 76 anos da Petroleos Mexicanos deveria ter desencadeado uma inundação de investimento, com as empresas correndo para desenvolver enormes reservas de petróleo. Isso caminhava para ser um momento histórico, e depois veio a goleada.

“É trágico que o México esperou tanto tempo para abrir o setor e que, quando uma administração finalmente aprovou uma reforma de energia significativa, o fundo só cai com os preços do petróleo”, disse Tim Samples, um analista mexicano de energia, da Universidade da Geórgia, em Athens. “O desfile não durou muito tempo.”

Agora, opositores do presidente Enrique Pena Nieto, que foi acusado em alguns setores de traição quando ele desnacionalizou a indústria em 2014, estão dizendo que estavam certos. Alguns querem trazer o monopólio de volta. “A reforma precisa ser feita para o setor energético”, disse Jesus Zambrano, presidente da Câmara dos Deputados, aos legisladores, na semana passada.

A reforma do setor de energia foi projetada para atrair grandes investimentos no exterior pela primeira vez desde que o México criou empresas de petróleo e gás estrangeiros em 1938. Mas os preços baixos do petróleo preocupam e podem prejudicar o apetite por arrendamentos de águas profundas a serem leiloados no final deste ano.

Pena Nieto, que fez o discurso de abertura na conferência da IHS CERAWeek, em Houston, disse que seu governo não tem intenção de reverter o curso, mesmo se os preços, que despencaram 70 por cento desde junho de 2014, não se recuperarem. “Estamos decididos e determinados”, disse ele no mês passado no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

Duas semanas atrás, o presidente negou essas alegações: ele substituiu o chefe executivo da Pemex, Emilio Lozoya, por Jose Antonio Gonzalez Anaya, economista formado em Harvard, para resgatar a maior empresa do país. A Pemex emprega mais de 145 mil pessoas e representa cerca de um quinto das receitas do governo – e está em sua pior forma financeira na história. Ela deve US$ 7 bilhões para provedores de serviços de petróleo e enfrenta níveis históricos de dívida que logo vai ultrapassar US$ 100 bilhões. A produção de petróleo vem caindo há 11 anos.
 

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Mas o potencial é tão grande – especialmente nas águas profundas do Golfo do México – que a administração Pena Nieto está confiante que a revisão será um sucesso a longo prazo. As gigantes de petróleo do mundo estão de olho.

O país só tem que ser paciente, disse Alejandra Leon, analista da IHS Energia, na Cidade do México. “Os frutos dessas mudanças em larga escala serão vistos em 15 a 20 anos.”

Disputas na Pemex sobrepuseram à maior revisão de negócios em energia, que também encerrou o monopólio na produção e transmissão de energia elétrica. Empresas como a BlackRock Inc., Kinder Morgan Inc. e Energy Transfer Partners LP tem contribuído para mais investimentos em infraestrutura superiores a US$ 26 bilhões prevista para melhorar a geração e distribuição de energia. E a abertura do setor de petróleo e gás não foi um desastre. Em três lances no ano passado, o país vendeu 30 das 44 áreas licitadas, incluindo 100 por cento dos campos terrestres na oferta, para empresas, incluindo a Eni SpA e a BP Plc. Pena Nieto disse em sua conta oficial no Twitter em dezembro que o sucesso onshore demonstrou “confiança no México e no futuro da sua indústria de energia.”

Agora, a Chevron Corp., a Royal Dutch Shell PLC, Statoil ASA e Total AS iniciaram o processo para se qualificar para concorrer a 10 campos de águas profundas no Golfo do México. Essas são as joias da coroa, e tem sido pouco desenvolvida por causa da carência de capital e tecnologia da Pemex. O México espera que empresas estrangeiras devem gastar cerca de US$ 4,4 bilhões em cada campo. É “um dos principais objetivos da reforma energética”, segundo o ministro de energia Pedro Joaquin Coldwell.

Samples, o analista mexicano de energia, disse que o impacto da queda do óleo bruto tem esmaecido as realizações desde a desnacionalização. “Houve definitivamente algumas histórias de sucesso”, disse ele. “Os preços do petróleo têm sido realmente o problema para toda esta reforma. É incompreensível o quão mal o momento tem sido para o México.”

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