Itaú quer criar time para negociar título corporativo no Brasil

Por Felipe Marques e Cristiane Lucchesi.

O Itaú Unibanco, maior banco do Brasil em valor de mercado, pretende contratar até três pessoas para criar uma equipe que negociará títulos de dívida corporativa no mercado interno secundário.

“Já somos um dos maiores formadores do mercado local de títulos públicos, então seria natural para nós fazer o mesmo com os títulos corporativos”, disse Christian Egan, responsável pela área de mercados globais e tesouraria do banco com sede em São Paulo, em entrevista. O Itaú poderá utilizar a atual plataforma de negociação de títulos públicos para a nova iniciativa após investimento em distribuição, disse Egan.

O mercado secundário de títulos corporativos no Brasil ainda é incipiente e o Itaú tem investido “muito tempo e esforços tentando ajudar a desenvolver esse mercado”, disse ele. A negociação total de debêntures no mercado secundário alcançou R$ 240 bilhões (US$ 74 bilhões) neste ano até quarta-feira, 63 por cento acima do registrado no mesmo período do ano passado, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O estoque de debêntures totalizou R$ 773 bilhões em abril, segundo a Anbima.

O Itaú aposta que o mercado continuará se expandindo porque os investidores do varejo, que tendem a negociar no mercado secundário com mais frequência do que os investidores institucionais, recorrerão aos títulos corporativos em busca de rendimentos em um momento em que as taxas de juros dos títulos públicos estão em queda. Os rendimentos dos títulos públicos do Brasil caíram cerca de 11 por cento neste ano, segundo o J.P. Morgan GBI-Aggregate Diversified Index.

“Os fundos de pensão e os fundos de crédito compram e seguram os títulos até seu vencimento” e a maioria das emissões é um processo de sindicalização entre bancos e investidores institucionais, disse Egan. “O desafio é ter uma força de vendas com mais conhecimento do mercado secundário do que do mercado primário.”

XP, BTG

O Itaú está seguindo os passos da XP Investimentos e do Grupo BTG Pactual, ambos ativos no mercado corporativo secundário local de renda fixa do Brasil. A XP, que começou a investir no negócio em 2013, mantém sete pessoas trabalhando exclusivamente nisso.

“Em nossa plataforma de fundos, temos incentivado os gestores a lançarem fundos de crédito”, disse Daniel Lemos, sócio da XP, que tem sede em São Paulo. “Quanto mais as pessoas exigem títulos corporativos, melhor o mercado.” A participação de mercado da XP em transações secundárias para títulos corporativos locais é de cerca de 50 por cento e a empresa também atua como formador de mercado para diversos títulos, disse ele.

O Itaú informou em 11 de maio que fechou acordo para pagar R$ 6,3 bilhões por uma participação de 49,9 por cento na XP, que oferece serviços de corretagem e gestão de ativos à classe média do Brasil. As equipes do Itaú e da XP continuarão independentes, informou o banco.

A opção por um mercado secundário mais ativo também poderá resultar em mais negócios para as instituições financeiras no mercado primário.

“Para nós, o mercado secundário ajuda muito a originar novas ofertas de títulos”, disse Lemos. “Se virmos que existe um título específico com preços no mercado secundário mostrando falta de oferta, nossa equipe tentará convencer as empresas do setor a emitirem novas dívidas.”

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