Itaú segue Bradesco e amplia provisões devido à crise

Por Francisco Marcelino.

O Itaú Unibanco divulgou um aumento de 31 por cento nas provisões para devedores duvidosos, e a exemplo do Bradesco, fechou o primeiro trimestre com lucro abaixo das estimativas dos analistas. O setor enfrenta a pior recessão do Brasil em um século.

As ações do banco chegaram a registrar a maior queda em mais de um mês depois que as provisões subiram para R$ 7,23 bilhões (US$ 2,1 bilhões) no primeiro trimestre, contra R$ 5,52 bilhões um ano antes. Os empréstimos no atacado responderam por R$ 2,91 bilhões do total, quase o dobro do valor do ano passado, “principalmente devido a provisões maiores para grupos econômicos específicos”, disse o Itaú, que tem sede em São Paulo, em comunicado divulgado nesta terça-feira, sem dar mais detalhes.

“A principal preocupação continua sendo a qualidade dos ativos”, escreveram analistas do UBS Group, incluindo Philip Finch, em um relatório a clientes na terça-feira.

A recessão no Brasil está levando mais clientes dos bancos a atrasar o pagamento de suas dívidas. O Bradesco, segundo maior banco da América Latina em valor de mercado, atrás apenas do Itaú, divulgou na semana passada um lucro abaixo das estimativas devido a uma provisão de R$ 836 milhões ligada a um caso corporativo específico que o banco não identificou. Uma pessoa diretamente envolvida com o assunto disse que as provisões eram por causa da Sete Brasil Participações, que pediu recuperação judicial em 29 de abril.

Em fevereiro, o Itaú executou uma garantia junto ao fundo naval porque a empresa de plataformas de petróleo Sete Brasil não conseguiu honrar seus compromissos financeiros. O aumento da provisão do banco teve um caráter “antecipatório” e não está relacionado a uma empresa específica, disse o diretor de relações com investidores do banco, Marcelo Kopel, a repórteres nesta terça-feira.

As ações do banco caíam 4,9 por cento, para R$ 30,40, às 14h17, em São Paulo, reduzindo a alta deste ano a 16 por cento. As ações do Bradesco caíam 0,5 por cento, para R$ 25,27, e o Ibovespa apresentava declínio de 1,8 por cento.

Lucro líquido

O lucro líquido recorrente do Itaú no primeiro trimestre, que exclui alguns itens, caiu de R$ 5,81 bilhões, ou R$ 0,97 por ação, para R$ 5,24 bilhões, ou R$ 0,88 por ação. O resultado contrasta com a estimativa de R$ 5,31 bilhões de nove analistas consultados pela Bloomberg. O lucro líquido foi de R$ 5,18 bilhões, uma queda em relação ao total anterior, de R$ 5,73 bilhões.

O índice de inadimplência acima de 90 dias subiu para 3,9 por cento no primeiro trimestre, contra 3 por cento no mesmo período do ano passado. Em fevereiro, o Itaú divulgou a estimativa de que as provisões para créditos de liquidação duvidosa ficarão entre R$ 22 bilhões e R$ 25 bilhões em 2016, contra R$ 18,1 bilhões em 2015. O banco não ajustou a projeção nesta terça-feira.

As provisões para os clientes do varejo do Itaú foram um dado positivo, caindo 6,4 por cento, para R$ 4,32 bilhões.

A margem de juros líquida do banco aumentou para 10,9 por cento no primeiro trimestre, contra 10,5 por cento um ano antes, segundo o comunicado.

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