Por Daniel Cancel e Felipe Marques.
O Credit Suisse diz que o rali que vem coloca a bolsa no Brasil em máximas históricas está longe do fim e que a janela para captações deve continuar aberta apesar das eleições deste ano.
“Eu acho que a combinação da visão positiva com o Brasil com o ambiente global é o que está por trás desse rali — e eu não espero que isso pare”, disse José Olympio Pereira, presidente do Credit Suisse no Brasil em entrevista à Bloomberg no Credit Suisse Latin America Investment Conference em São Paulo.
O Ibovespa tem batido sucessivos recordes, superando 84.000 pontos após uma década preso na faixa dos 70.000 pontos. A alta ganhou impulso na semana passada, quando o TRF4 condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção e lavagem de dinheiro, diminuindo suas chances de concorrer nas eleições presidenciais de outubro. Investidores temem que Lula possa desfazer grande parte da agenda reformista que está sendo implementada pelo governo atual para resolver problemas fiscais.
O Ibovespa registra alta de 15% no acumulado do ano em dólar, em comparação com um aumento de 5% do índice S&P 500.
Enquanto a disputa presidencial segue indefinida, com candidatos vistos como mais favoráveis ao mercado falhando em conquistar espaço nas pesquisas, Olympio diz que há uma visão de que o próximo presidente continuará com a agenda de reformas implementada por Michel Temer. A reforma da Previdência, que pode ser votada no Congresso no próximo mês, “não é um fator nos preços de mercado no momento”.
O rali continuado também ajudará a impulsionar as receitas do Credit Suisse no Brasil, já que 2018 promete ser “um ano favorável para captação apesar das eleições”, disse Olympio, acrescentando que espera que a atividade de banco de investimento supere 2017. O Credit Suisse foi o segundo maior coordenador de emissões de ações da América Latina no ano passado, comparado com sétimo lugar em 2016, de acordo com informações compiladas pela Bloomberg. O Credit Suisse também foi um dos bancos responsáveis pela oferta pública inicial de US$ 2,3 bilhões da PagSeguro em Nova York, a maior para uma empresa brasileira desde 2013.
“Há um grande pipeline de empresas que irão acessar o mercado. Para mim, dadas as condições favoráveis no momento, as pessoas tentarão ir a mercado o mais rápido possível, e é isso que estamos recomendando aos clientes”, disse Olympio. “No entanto, não vejo isso como uma janela estreita.”
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