JPMorgan está otimista com Brasil após ano ruim para bonds

Por Paula Sambo e Cristiane Lucchesi.

Depois que o mercado internacional de bonds do Brasil sofreu um colapso sem precedentes em 2015, não é de surpreender que os bancos estejam ainda menos otimistas em relação às perspectivas para este ano.

O Banco Santander e o Grupo BTG Pactual, por exemplo, dizem que emissões de dívida mudarão pouco em relação ao total do ano passado agora que o Brasil sofre sua recessão mais profunda desde 1901. As emissões caíram 83 por cento em 2015, atingindo o menor valor dos últimos sete anos, de US$ 7,8 bilhões, mostram dados compilados pela Bloomberg.

Mas nem todos os bancos estão sucumbindo ao pessimismo. O JPMorgan, segundo maior coordenador de ofertas de bonds no exterior do Brasil no ano passado, diz que as emissões podem subir em 2016 porque as empresas recorrerão ao mercado para refinanciar dívidas prestes a vencer. O banco com sede em Nova York prevê um aumento de até 50 por cento, para quase US$ 11 bilhões.

“Assim que tivermos uma melhora externa e alguma recuperação no mercado secundário, poderíamos ver alguma emissão primária”, disse Ricardo Leoni, chefe de mercados de capitais de dívida brasileira do JPMorgan. “Poderíamos ver as empresas emitindo dívidas se uma janela no mercado for aberta à medida que nos aproximamos dos próximos vencimentos, em 2017”.

As empresas brasileiras têm cerca de US$ 16 bilhões em bonds a vencer em 2017, segundo dados compilados pela Bloomberg.

É o período mais longo de seca desde pelo menos 1999. Nenhuma empresa nacional vendeu bonds no exterior de junho para cá. A situação coincide com o maior escândalo de corrupção do país, com a crise política e com o colapso dos preços das commodities, que provocou os juros mais altos em sete anos.

“Os mercados de dívidas ainda estarão bastante deprimidos neste ano, com spreads mais elevados e vencimentos mais curtos”, disse Cristina Schulman, superintendente-executiva para mercados de capitais de dívidas do Santander Brasil. “Essa tendência de encolher o volume total emitido pode continuar neste ano”. O banco com sede em Madri é o sexto maior coordenador de vendas de bonds internacionais do Brasil.

Após uma retração de 3,73 por cento no ano passado, a maior economia da América Latina encolherá 2,99 por cento em 2016, segundo pesquisa do Banco Central divulgada na segunda-feira.

O aumento das taxas de juros nos EUA e a crise global dos junk bonds também dificultarão a emissão de dívidas pelas empresas, segundo Guilherme Paes, chefe de investment banking do BTG Pactual.

“Vai ser um ano difícil para a emissão de dívida internacional”, disse ele. “Com juros americanos subindo, high yield americano com mais dificuldade para acessar o mercado, o custo de captação está mais alto, as empresas estão muito cautelosas para vir ao mercado. Vai ser mais ou menos como no ano passado, emissão de dívida internacional vai ficar estável em volume.”

Ainda assim, Leoni, do JPMorgan, está otimista.

“Em 2016, a expectativa para a região é que vejamos alguma recuperação e espero que isso inclua o Brasil”, disse ele. “Provavelmente fomos muito longe em termos de deterioração”.

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