Juros altos fazem estrangeiros desistirem de comprar dívida brasileira; classificação junk piora situação

Por Rodrigo Michelotti.

A perda do grau de investimento do Brasil pela S&P, veio em um momento em que as dívidas locas do governo estão perto de um nível recorde. Investidores internacionais teriam de vender 300 bilhões de reais em títulos domésticos para recuperar o mesmo nível de exposição que eles tinham na última vez que o Brasil foi classificado como grau especulativo.

A S&P rebaixou o Brasil para BB + com uma perspectiva negativa no corte de 9 de setembro. A Moody’s reclassificou para Baa3 – à beira do junk – com perspectiva estável, em 11 de agosto, enquanto na Fitch, o Brasil está classificado como BBB, dois níveis acima do grau de investimento, com uma sinalização negativa.
 

pag04_A

 
A dívida local brasileira oferece alguns dos rendimentos mais elevados no mundo, mas que pode não ser suficiente para compensar os riscos para os estrangeiros manterem seus títulos.

Devido a normas internas, alguns investidores institucionais, tais como fundos de pensão, não podem obter títulos junk avaliados por duas grandes agências de rating. Isso significa que se a Moody’s ou Fitch seguirem a S&P, poderia haver uma liquidação significativa das dívidas locais brasileiras.
 

pag04_B

 
Em junho de 2008, depois de receber uma reclassificação de rating atingindo o grau de investimento em duas grandes agências de classificação de risco, a participação dos estrangeiros no mercado de dívida do Brasil aumentou em 12 meses de 2,7 por cento para 6,4 por cento.
Entre junho de 2008 e setembro 2009, quando o Brasil foi classificado como grau de investimento apenas pela S&P e Fitch, a participação de estrangeiros na dívida interna do Brasil manteve-se entre 6,4 por cento e 7,8 por cento.

Em outubro de 2009, quando a Moody’s confirmou o status de grau de investimento do Brasil, a exposição estrangeira para dívida em moeda local saltou para 8,4 por cento. Esta exposição atingiu um pico de 20,8 por cento em maio deste ano.

Até julho, as participações estrangeiras caíram para 19,6 por cento do total, o mais baixo desde dezembro de 2014. Dados para julho, que o banco central vai lançar em 28 de setembro, irá provavelmente mostrar um outro declínio, devido à intensificação da crise política e econômica.

O mercado vai ter que esperar até outubro para ver o quanto os investidores estrangeiros estão assustados com este recente rebaixamento da S&P.

Agende uma demo.