Kinea, do Itaú, acelera captação e ultrapassa R$ 60 bi em ativos

Por Felipe Marques e Vinícius Andrade.

Poucas empresas se beneficiaram tanto do renascimento da indústria brasileira de fundos quanto a Kinea Investimentos.

Os ativos sob gestão da empresa, controlada pelo Itaú Unibanco, subiram mais de cinco vezes desde o final de 2016, para R$ 62,1 bilhões em junho. A divisão de fundos multimercado da empresa impulsionou grande parte desse crescimento, depois que a Kinea trouxe um time novo para reformar essa operação em 2015. O fundo Kinea Chronos FIM ficou em primeiro lugar em captação líquida entre 151 fundos semelhantes nos primeiros seis meses deste ano. aos dados compilados pela Bloomberg.

“Ainda temos a capacidade de administrar mais do que o que investimos nos fundos agora, então ainda poderíamos crescer mais”, disse Marcio Verri, presidente da Kinea, em entrevista na sede da empresa em São Paulo. A captação forte também nos fundos de previdência, infraestrutura e crédito corporativo da gestora também contribuíram no aumento dos ativos, disse Verri, um veterano do BankBoston.

A indústria de fundos multimercado do Brasil está em meio a um boom após o quarto ano consecutivo de captação líquida, com R$ 170 bilhões em dinheiro novo desde 2016.

Para a Kinea chegar onde está, foi preciso mais de uma década de paciência. A empresa foi criada em 2007, quando os dois Roberto e Alfredo Setubal, do Itaú, decidiram dar uma chance a uma ideia de Verri: lançar uma nova empresa de gestão de ativos que, embora controlada pelo banco com 80% do capital, seria gerida de forma independente pelo sócios, que teriam os 20% restantes.

O argumento usado por Verri era de que o Brasil eventualmente conseguiria reduzir seu exorbitante juro básico, com a inflação sob controle, o que levaria os brasileiros a migrarem de títulos do governo e da poupança para todos os tipos de fundos – de multimercados e imobiliários a private equity. E assim a Kinea — que deriva seu nome da palavra “cinética” – nasceu.

Aquela visão inicial, porém, só começou a se tornar realidade recentemente, depois que o Brasil atravessou a pior recessão de sua história. Agora, o país está com o juro na mínima histórica, com novas quedas esperadas para os próximos meses, inflação abaixo da meta do governo e com uma ampla reforma da previdência progredindo no Congresso. Ao mesmo tempo, plataformas de distribuição digital popularizaram produtos financeiros mais complexos, dando um impulso às empresas que os vendem.

“Com a inflação sob controle, você precisa ter taxas baixas no overnight, o que faz com que os investidores comecem a procurar produtos que possam oferecer ganhos reais no longo prazo”, disse Verri. “Esses são os tipos de produtos que vendemos.”

A Kinea está lançando novos produtos para atender quem busca aumentar retornos, incluindo novos fundos focados em ações nos próximos meses. Também está aumentando os investimentos de seus fundos multimercados fora do Brasil, dando-lhes mais capacidade de crescimento e menor correlação com ativos locais. A Kinea adicionará até quatro pessoas até o final do ano, dos 76 funcionários atuais, disse Verri. A empresa empregava 42 anos atrás.

O retorno total do fundo Chronos é de 73% desde sua criação em junho de 2015, comparado a 48,2% do retorno do CDI no mesmo período. O fundo apresentou 42 meses de retornos positivos e apenas sete negativos desde que foi criado – o tipo de baixa volatilidade que atrai investidores que estão começando a explorar o mundo dos multimercados.

“As pessoas pensam que fazer gestão de ativos é como ser um artista e pintar um quadro, mas é muito mais próximo de pintar paredes todos os dias”, disse Verri. “É muito trabalho, muitos processos que você tem que seguir, em vez de simplesmente ser brilhante e fazer isso a partir da inspiração.”

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