Por Olga Kharif e Lindsey Rupp.
Os lojistas dos EUA estão adotando a tecnologia de chip nos cartões de crédito e isso está gerando uma consequência inesperada: os criminosos estão se mudando das lojas físicas para a internet.
O uso de dados de cartões roubados para comprar mercadorias em sites, aplicativos e call centers aumentou 40 por cento no ano passado, segundo relatório da empresa Javelin Strategy & Research divulgado nesta quarta-feira. O aumento está forçando as lojas a investir bilhões em proteção contra fraudes on-line em um esforço para detectar quando um bandido está usando o número do cartão de outra pessoa.
“Estamos vendo um tipo de fraude mais sofisticado se mudar para o ambiente on-line”, disse Erika Dietrich, diretora global de gestão de risco de pagamento da ACI Worldwide, empresa especializada no combate a fraudes.
No fim do ano passado, quase 1,81 milhão de lojas dos EUA haviam optado por aceitar cartões com chips, no estilo europeu, mais que o dobro do número do ano anterior, segundo a Visa. Emitidos pelos bancos, os cartões que contêm a chamada tecnologia EMV são muito mais difíceis de falsificar, o que reduz as fraudes realizadas pessoalmente nas lojas.
Com o crescimento do comércio eletrônico mundial e dos dados roubados disponíveis no mercado negro, as lojas estão ampliando o investimento em segurança on-line. As empresas de comércio eletrônico e as instituições financeiras investirão US$ 9,2 bilhões por ano em soluções de detecção de fraude até 2020, 30 por cento a mais que os níveis atuais, segundo a Juniper Research.
Em outubro, a Radial, uma empresa especializada em detecção de fraudes, recebia um a dois pedidos de novos clientes grandes por mês. De lá para cá, o número subiu para mais de 12 ao mês, disse o diretor de produto e estratégia Stefan Weitz. Entre os mais de 100 clientes da Radial estão a Walgreens Boots Alliance, a StubHub e a Ralph Lauren.
O que gera o aumento de interesse é o número crescente de violações de dados em empresas como Target e Wendy’s, que podem expor informações financeiras privadas de milhões de clientes a ladrões de identidade. Agências do governo e empresas dos EUA sofreram um total recorde de 1.093 violações de dados no ano passado, 40 por cento a mais que em 2015, segundo o Identity Theft Resource Center, em San Diego.
Com o volume maior de compras on-line, há mais oportunidades para os bandidos, que atualmente usam ferramentas sofisticadas de ataques, como bots. Esses softwares podem passar pelas páginas de verificação e realizar pedidos usando dados roubados de forma automática — sem a necessidade de envolvimento de um ser humano.
“No momento o ambiente é mais desafiador do que nunca”, disse Al Pascual, diretor de pesquisa e chefe de fraude e segurança da Javelin, consultoria focada no setor financeiro. “E a situação vai piorar antes de melhorar.”
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