Latinos estão transformando setores, mas a representatividade precisa melhorar

Com poder de compra anual de nada menos que US$ 1,5 trilhão, os latino-americanos estão mudando profundamente as tendências de consumo nos EUA.

No entanto, de acordo com um painel de mulheres latinas bem sucedidas realizado durante o evento Bloomberg Hispanic Heritage Month, em Nova York, muito ainda precisa ser feito para melhorar seu crescimento e influência na força de trabalho.

“Nosso setor é lento quando se trata de atender às necessidades dos latinos”, disse Sonia Dula, diretora-gerente do Bank of America Merrill Lynch. “Não acho que nosso setor esteja plenamente desenvolvido. Há um claro reconhecimento de que precisamos espelhar melhor a nossa base de clientes.”

Existe uma enorme oportunidade para empresas que convertem sua mentalidade, começam a tratar de maneira mais séria a questão da diversidade e alinham sua abordagem à nova realidade demográfica do país.

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As empresas precisam considerar sutilezas quando trabalham e vendem para diferentes subcomunidades latino-americanas, incluindo homens e mulheres, diferentes faixas etárias e pessoas com interesses particulares. Segundo as panelistas, muitas empresas fracassam não só em atingir os latinos como um todo, mas também nesses segmentos específicos.

“Há certa preguiça quando miram o mercado latino, particularmente diante do impacto que eles têm”, disse a panelista Lucinda Martinez, diretora sênior de marketing multicultural e internacional no canal de TV HBO.

“As empresas sabem como vender à mãe americana que leva os filhos de cá para lá ou para a mãe que trabalha e assim por diante, mas deixam o segmento de mulheres latinas de lado”, acrescentou Lucinda. “Olhando para pequenas empresas e como as mulheres latinas alavancam o crescimento, é impressionante que este segmento seja ignorado do ponto de vista de estratégia.”

A boa notícia é que empresas de diversos setores estão trabalhando para desenvolver uma força de trabalho com maior diversidade. Os resultados começam a aparecer. De acordo com o Escritório de Estatísticas Trabalhistas dos EUA, entre 1990 e 2014, o número de pessoas de origem latino-americana na força de trabalho civil dos EUA mais que dobrou, de 10,7 milhões para 25,4 milhões — mais de dez vezes o ritmo de expansão observado entre os não latinos.

No setor financeiro, a Deloitte Tax está mudando sua forma de trabalhar com pessoas de origem distinta. O esforço é liderado por um dos sócios, o latino Jorge Caballero. A empresa entende que a diversidade de pensamentos será um fator crucial para seu crescimento e se esforça para estimular colaboração e confiança entre pessoas de todas as origens, promovendo uma discussão aberta, na qual as diferenças são valorizadas e aproveitadas para impulsionar o crescimento. No ano passado, mulheres e minorias representaram dois terços dos contratados pela empresa.

A Bloomberg também acredita que uma força de trabalho diversificada é fator essencial para seu sucesso. Durante a abertura do evento, o presidente executivo do conselho, Peter Grauer, enfatizou o compromisso da empresa com a construção de um ambiente diversificado e inclusivo. “Reconhecemos que mudança requer ação e continuamos trabalhando com gestores de negócios para garantir que os latinos sejam incluídos nas conversas dos conselhos de liderança”, ele afirmou. “Sabemos que construir equipes fortes e diversificadas, nas quais os integrantes se sentem valorizados e engajados, nos ajudará a inovar, executar e conquistar.”

Outros setores têm uma abordagem própria única. A CBS Entertainment, por exemplo, promove medidas frequentes de aproximação com diferentes comunidades de jovens. “Os latinos não são devidamente representados atrás das câmeras, na redação e entre os executivos”, afirmou durante o painel Nina Tassler, que já foi presidente do conselho da empresa. “Criamos o programa CBS On Tour para levar os executivos para dentro da comunidade. Identificamos crianças interessadas em fazer carreira em mídia e entretenimento desde idade tenra para que, mais tarde, venham para a CBS. Aproximação é muito importante. Em vez de esperar que os talentos venham até você, dá para sair e recrutá-los.”

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O conselho das panelistas para pessoas que se deparam com essas oportunidades de emprego é: sejam ousados — e ganhem confiança observando pessoas que são referência no setor.

“O problema para muitos de nós é que nos afastamos das oportunidades que nos tiram da nossa zona de conforto”, disse Sonia Dula. “Frequentemente pensamos que não conseguimos fazer algo. Precisamos caminhar na direção do medo e entrar de cabeça. As coisas se ajeitam. Se você tiver ética no trabalho, se relacionar com as pessoas e souber o que lhe distingue, não estará sozinho.”

Autoconsciência e orgulho permitem que os indivíduos progridam em seus empregos e em diferentes setores, acrescentou Lucida Martinez. “É preciso saber o que você traz de bom para uma função, como solucionar problemas ou motivar equipes.”

Sonia citou como exemplo o fato de falar abertamente que adora cantar e tocar violão, o que virou marca registrada dela e a tornou memorável dentro do setor.

Os latinos estão causando enorme impacto em diferentes setores. No encerramento do evento, Erika Irish Brown, responsável por diversidade e inclusão na Bloomberg, mencionou que muitos latinos em posições de liderança “de nível global e local” organizaram sua agenda para poderem comparecer ao evento. “Isso é prova que nossa comunidade cresceu a ponto deste salão estar cheio esta noite”, ela disse.

É preciso que o diálogo em todos os setores reflita essa influência, concluiu Erika. “Nosso diferencial é nossa força. A diversidade muda a conversa e todos nós temos a responsabilidade de mudar a conversa e encontrar pessoas acima e abaixo de você na hierarquia para continuar mudando a conversa.”

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