Laurence Font do BNP Paribas: Coleção de experiências

“Acredito que tudo é possível: se alguém quiser realmente alguma coisa, é capaz de fazer tudo.”

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Laurence Font

Chief Operating Officer | BNP Paribas CIB, Mexico

Laurence Font nasceu em Lyon, França. Mais tarde, ganhou uma bolsa de estudos para fazer parte do seu mestrado na Alemanha. Em seguida, iniciou sua carreira no mundo financeiro quando foi para Nova York, onde trabalhou por três anos; depois passou três anos em Paris, quatro em Milão, cinco em Cingapura, mais cinco em Roma e agora está no México há 8 anos. Toda esta experiência internacional deu à atual COO do BNP Paribas México uma verdadeira perspectiva global do setor financeiro e muitos aprendizados para sua vida profissional e pessoal.

No entanto, esta capacidade de ver o mundo sob vários ângulos foi moldada e aperfeiçoada em diferentes aspectos de sua vida. Por exemplo, embora sua formação tenha sido em ciência da computação e matemática aplicada, Laurence consegue transitar facilmente em todas as áreas que compõem seu campo de expertise.

“Meu maior valor agregado é que sempre entendi o negócio como um todo e consigo traduzi-lo em tecnologia; adoro encontrar a solução técnica para uma demanda ou necessidade”, diz.

É difícil encontrar profissionais com seu perfil, mesmo com a grande demanda existente no setor financeiro. “Faltam jovens que entendam o negócio e a parte tecnológica, para que possam propor soluções inovadoras”, destaca.

Por este motivo, Laurence acredita que hoje o sistema educacional e as empresas têm o grande desafio de formar este perfil profissional. A diretora ainda ressalta que neste mundo em constante evolução, os líderes do futuro no setor financeiro devem ser capazes de aprender a antecipar mudanças e, ao mesmo tempo, gerar mudanças também.

“Também precisamos ouvir os jovens e ver como podem contribuir para a sociedade como um todo, em questões como energia renovável, mudanças climáticas ou exaustão de recursos”, destaca.

Constante evolução

Além desta perspectiva multigeracional, Font considera que os profissionais devem transitar em diferentes áreas e crescer horizontalmente dentro de uma empresa para que não passem anos fazendo o mesmo trabalho.

No entanto, algumas pessoas têm dificuldade para entender estas mudanças. “Mas sempre há maneiras de ajudar e motivar as pessoas a mudarem”, diz.

Tudo o que aprendeu, Font coloca em prática; como quando chegou ao México para trabalhar no Banorte, um dos maiores bancos mexicanos, onde ela projetou soluções para melhorar não apenas a produtividade da empresa, mas também a vida das pessoas.

“Explicávamos às pessoas: se fizer desta forma, poderá sair às 17h ou 18h, em vez das 20h, e também terá melhor controle de tudo”, lembra. “Adoro explicar às pessoas por que estamos fazendo algo e o que isto fará por elas”, diz.

Font presenciou importantes mudanças no mundo, incluindo as consequências da queda do Muro de Berlim, quando estudava na Alemanha. Contudo, a mais significativa em termos de carreira foi a inclusão das mulheres no setor financeiro.

“A cultura da diversidade e inclusão no setor financeiro cresceu nos últimos anos, o que também motivou a inovação tanto nos negócios quanto nas operações, e as empresas estão vendo os benefícios”, destaca.

Avanços e questões pendentes na igualdade de gênero

Apesar do progresso, Font acredita que ainda temos um longo caminho a percorrer: “Temos que insistir na inclusão e na diversidade, mas sem criar estereótipos. Em vez disso, precisamos incentivar o crescimento profissional por mérito e não apenas para atingir metas percentuais de programas institucionais. Não podemos focar no número apenas pelo número”, diz.

Laurence garante que isto está no DNA do BNP Paribas, onde trabalhou pela primeira vez em Roma e para onde retornou em 2018, ao aceitar a posição no México.

“A última coisa que quero ouvir é que consegui este trabalho porque sou uma mulher. Tenho o cargo de COO porque, com certeza, fiz por merecer e todos estão satisfeitos com o meu trabalho. É um pouco arrogante dizer isto, mas é a verdade”, insiste.

Font lembra que quando começou sua carreira nos EUA, ser mulher não era algo relevante. No entanto, ao voltar para Paris, ela enfrentou algumas questões relacionadas à igualdade de gênero.

“A França é excelente no que diz respeito às políticas que beneficiam as mulheres que trabalham. No entanto, no ambiente de trabalho faltam muitas mudanças”, observa.

“Naquela época, quando uma mulher começava em um novo trabalho, tinha que se dedicar mais do que os homens para poder se provar capaz. Mas, depois que reconheciam seu profissionalismo, tudo ficava mais fácil”, diz. “Agora que o mundo evoluiu, é muito mais fácil ser uma mulher no setor financeiro.”

Você pode fazer tudo

Curiosamente, sua maior inspiração profissional não é do setor financeiro nem da área de tecnologia, mas sim do campo da política: Simone Veil, presidente do primeiro Parlamento Europeu eleita por sufrágio universal direto em 1979. Ela também fez muito pelos direitos das mulheres.

“Fui inspirada pela sua autenticidade e perseverança, por não deixar de lado suas convicções e por ter um grande compromisso com seus valores e com a União Europeia”, explica.

Na verdade, se Font não estivesse fazendo o que faz hoje, gostaria de ter entrado para a política: “Gostaria de mostrar que você pode fazer política de uma maneira honesta e promover valores humanos”, compartilha.

O lado humano sempre esteve na sua mente, como quando assistiu o primeiro filme que a inspirou a deixar seu país: “America America” (Terra de um sonho distante), um filme premiado sobre um jovem grego que sonha iniciar uma nova vida na América para escapar da opressão em Anatólia, Turquia.

“Adorei aquele filme porque falava de uma questão muito importante relativa à imigração; para mim, que nasci em um país democrático, onde eu podia ter minhas próprias convicções religiosas ou políticas, fiquei surpresa ao ver estas pessoas que, pelas mesmas crenças, não podiam ficar em seus países”, diz.

No seu tempo livre, Laurence também gosta de variedade. Torce para o Lyonnais, e joga futebol e tênis. “Eu também ganhei alguns torneios de petanca (jogo de origem francesa, cujo nome deriva da expressão “pieds tanqués”, muito popular em vários países europeus). É um jogo francês muito divertido para se jogar com amigos”, compartilha.

Font também gosta de poker e vinho. “E durante estes oito anos que estou no México, descobri o mezcal (um licor feito de agave)”, diz.

Esta combinação de experiências mundiais, paixões, sabores e hobbies formou sua personalidade. “Minha autenticidade anda de mãos dadas com a honestidade. Posso dizer com orgulho que sempre fui muito honesta. No setor financeiro, o futuro é a honestidade”, afirma.

A autoconfiança é vital para isto: “Acredito que tudo é possível: se alguém quiser realmente alguma coisa, é capaz de fazer tudo”, conclui ela.

Isenção de opinião: Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg.


A Bloomberg convidou os “<GO> GETTERS” do mercado financeiro na América Latina a compartilhar os insights mais significativos de suas carreiras, descrevendo os sucessos alcançados e os desafios que enfrentaram no percurso, tanto como testemunhas do desenvolvimento deste ambiente acelerado quanto como contribuintes ativos de sua evolução, criando novas ferramentas, compartilhando melhores práticas e inspirando mudanças.

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