Le Pen conquista eleitoras francesas que se sentem excluídas

Por Helene Fouquet.

As francesas começam a visualizar uma presidente divorciada com três filhos.

A candidata Marine Le Pen, que é contra o euro e a imigração, vem usando sua condição de mulher para conquistar a maioria dos votos no segundo turno das eleições, em 7 de maio. Tem dado certo. A líder da Frente Nacional, de 48 anos, já atraiu aproximadamente 2 milhões de votos adicionais de mulheres desde que concorreu à presidência em 2012 e acha que conquistará mais adeptas.

“As mulheres são a chave”, disse Nonna Meyer, pesquisadora do Instituto de Estudos Políticos de Paris, que estuda a Frente Nacional há 25 anos. “Essas mulheres frequentemente deixam de votar e agora apoiam Le Pen como forma de proteger seus empregos e sua segurança.”

Embora representem pouco mais de metade do eleitorado, as mulheres têm bem menos propensão a votar do que os homens na França e seu potencial pode ser acessado por uma candidata que perceba suas preocupações. A proposta de Le Pen reúne questões de imigração, segurança e declínio econômico que preocupam muitas comunidades francesas de pessoas brancas, formando um caldo populista potente que imita o do presidente americano, Donald Trump. Le Pen também culpa a “elite” pelos problemas da gente comum.

Em 2012, Le Pen ela não venceu entre o eleitorado feminino, conquistando uma fatia de 17 por cento, enquanto 20 por cento do eleitorado masculino votou nela. Agora ela eliminou a diferença e atrai 26 por cento das intenções de voto entre ambos os sexos, de acordo com pesquisa da Ifop. É ela a favorita das mulheres no primeiro turno.

“O que ela propõe é realmente diferente, assim como Trump ofereceu algo realmente novo”, disse Cindy Blain, farmacêutica de 27 anos que vive em uma área rural no nordeste do país. “Talvez se
Trump for bem sucedido, os eleitores darão a ela uma chance.”

Brochura brilhante

A perspectiva de a França ter no comando uma líder populista que promete retirar o país da união monetária ampliou a diferença de rendimentos entre os títulos soberanos franceses de 10 anos e os papéis alemães de prazo similar para o maior nível em mais de quatro anos. O prêmio de risco subiu 3 pontos-base para 79 na terça-feira.

Quando a reportagem perguntou a Blain se ela se preocupava com os riscos associados ao plano de Le Pen de abandonar o euro, ela sinalizou que não significavam nada para ela.

O foco de Le Pen no eleitorado feminino é claro. Em 4 de fevereiro, sua campanha começou a distribuir 4 milhões de cópias de uma brochura brilhante e com cara de revista que explicava o plano dela para “defender as mulheres francesas” quando for a primeira delas na presidência do país. O panfleto exibia a candidata navegando “o mundo dos homens” como irmã, mãe, advogada, marinheira e líder política. A candidata também promete ser um escudo contra fundamentalistas islâmicos que, segundo ela, querem impedir que as mulheres “usem saia, trabalhem ou frequentem restaurantes.”

“Não se trata de um voto feminista”, disse Meyer.

Le Pen deu outro sinal aos eleitores na terça-feira quando visitou Beirute e se recusou a cobrir a cabeça para se encontrar com um oficial muçulmano. Ele insistiu que ela usasse o lenço e, como nenhum lado cedeu, Le Pen foi embora sem vê-lo.

Além de uma disparada no apoio vindo das mulheres, as pesquisas de intenção de voto mostram que a candidata vem conquistando os eleitores com menos escolaridade, empregos que pagam pouco e que vivem em áreas rurais. Entre os aposentados, ela dobrou a parcela de eleitores, embora ainda esteja atrás do candidato republicano François Fillon.

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