Levy corrobora aposta em BC mais rigoroso com centro da meta

Notícia exclusiva por Josué Leonel.

A perspectiva de que a política monetária terá de continuar apertada para assegurar a convergência da inflação para a meta ganha um reforço com os últimos comentários do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que vão além do seu compromisso com a meta fiscal de 1,2% para este ano.

Embora o combate à inflação seja responsabilidade direta do Banco Central, Levy foi enfático sobretudo em relação ao cumprimento da meta no próximo ano. O comentário de Levy tem peso porque ainda existe dúvida no mercado sobre o rigor do compromisso do BC com o centro da meta, e é esse rigor que determinará até quanto a Selic vai subir e quando a taxa voltará a cair.

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“A gente tem que perseguir muito” a meta de inflação em 2016, disse Levy dia 20 de abril em Nova York, após o fechamento do mercado. Frase parece corroborar o discurso mais recente do BC reiterando vigilância contra a inflação e que tem sido visto por alguns participantes como mais severo do que a postura observada nos anos anteriores.

Levy ainda comentou que ter a inflação na meta, ou perto dela, é “muito importante” e um “esforço para continuar”. Levy, mesmo reconhecendo que expectativa para 2016 já se aproximou da meta, dá a entender que a melhora é insuficiente. “O Focus para 2016 está em 5 e pouco. Acho que a gente pode fazer melhor do que isso”.

A ênfase de Levy em uma seara de responsabilidade direta do BC demonstra a relevância do cumprimento rigoroso da meta para reconstruir a confiança do investidor. Com Alexandre Tombini no comando do BC e com Dilma Rousseff na presidência, em nenhum ano o IPCA fechou na meta de 4,5% ao ano, uma frustração que abalou a credibilidade do BC.

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Embora o BC ultimamente esteja sendo visto como mais hawkish, analistas do mercado ainda têm dúvidas. Além do rigor em perseguir o centro da meta, não está claro se Tombini e sua equipe tomarão decisões dando mais peso às suas próprias projeções ou às do mercado. Em 2011, o mercado previa IPCA acima da meta e o BC se ancorou em seus estudos para reduzir a Selic inesperadamente, iniciando um ciclo que levou a taxa para um recorde de baixa de 7,25% em 2012.

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Os comentários de Levy sugerem que, para ele, a baliza para o cumprimento da meta é o centro, de 4,5%. A referência é a expectativa do mercado, que, ao contrário das projeções melhor comportadas do BC, segue apontando IPCA mais de 1 ponto acima da meta em 2016. E ainda há muito trabalho pela frente.

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