Notícia exclusiva por Carla Simões, Raymond Colitt e André Soliani.
A presidente Dilma Rousseff irá terminar o seu mandato, o País não está fora do controle e conseguirá evitar o downgrade, disse o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em entrevista nesta quinta-feira em Brasília. O comentário vem no mesmo dia em que cresceu número de parlamentares que articula fim do governo e quando popularidade da presidente cai a nível recorde.
“É obvio e ululante” que Dilma terminará o mandato. “Não vejo razão e nem benefício para o impeachment.”
O comentário do ministro, que não aparentava tensão, vem após o dólar bater máxima ontem de R$ 3,5696, com nova derrota do governo na Câmara, saída do PDT e PTB da base aliada e pesquisa Datafolha mostrando reprovação de Dilma subindo para 71%, maior da série.
PMDB avalia como retirar Dilma do cargo por meios constitucionais, disse um dos principais nomes do partido sob a condição de anonimato. Um terço dos deputados do PMDB na Câmara defende a abertura de um processo de impeachment, disse o deputado Darcisio Perondi, um dos vice-líderes do partido.
Nesta manhã, o dólar chegou a subir 0,9%, mantendo o nível mais elevado em 12 anos, mesmo após o Banco Central ampliar a rolagem de swaps. Os contratos de DI avançam, acompanhando reação do dólar e reagindo ao IPCA acima do esperado.
Levy interrompeu a entrevista algumas vezes para atender ligações telefônicas, inclusive da presidente Dilma convidando-o para que ele a acompanhasse em uma visita à Roraima, ao mesmo tempo em que mascava aipo porque, segundo ele, tem fibra e faz bem à saúde.
Sobre derrotas do governo no Congresso que podem comprometer o ajuste fiscal, como a aprovação em primeiro turno da PEC do reajuste da AGU, delegados e procuradores, Levy disse que é preciso tempo para congressistas “entenderem a nova realidade.”
“O congresso tem o ritmo dele”, disse. “Fui a algumas reuniões. Eles estão tentando entender o novo mundo. Tem que dar um tempinho para entender, principalmente a Câmara. Nem todo mundo pensa em economia o tempo todo”.
Downgrade
Para Levy, “o País não está fora de controle” e é descabido pensar em downgrade.
“Temos ferramenta para evitar o downgrade”, disse o ministro. “E acho que é descabido todo mundo ficar aceitando como absolutamente normal ter downgrade”. Acrescentando que o governo está “tomando as medidas que tem que tomar. Não só na área fiscal, que todo mundo se encanta, como em outras áreas.”
A S&P reduziu perspectiva da nota de crédito do Brasil de estável para negativa em 28 de julho, citando “circunstâncias políticas e econômicas desafiadoras”.
Levy disse que o downgrade poderia gerar demissões no mercado financeiro.
“Vamos traçar um plano de ação para evitar o downgrade”, disse ele. “O próprio mercado financeiro vai dar uma encolhida colossal” se houver downgrade. “Em 2002 parecia que o mundo ia acabar e não acabou”.
Questão fiscal
pós o governo reduzir a meta de superávit primário do setor público de 1,1% do PIB em 2015 para 0,15%, no mês passado, Levy pede cuidado com área tributária e fala em abrir economia para o mercado externo.
“Temos uma questão fiscal que a gente tem que encarar de frente”, disse ele. “Tem um trabalho duro na área de gasto. A gente tem que ter certo cuidado com a carga tributária. Houve uma erosão mas tem que atacar de forma inteligente. Tem que tomar medidas para adequar a economia à nova realidade.”
Ele disse novamente que a redução da meta não significa que o ajuste acabou. “Ao contrário. A gente tem que fazer mais ajuste”
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