Lingote em alta faz minas de ouro baratas desaparecerem

Por Luzi Ann Javier.

Acabou-se a grande demanda por minas de ouro baratas. As produtoras que foram obrigadas a se desfazer de ativos no ano passado devido à queda brusca dos preços estão recuperando alavancagem.

Com o lingote prestes a ter sua maior alta em um primeiro semestre em quatro décadas – ajudado pela decisão do Reino Unido de sair da UE – compradores de minas estão pagando prêmios mais altos e o ritmo das transações está acelerando, mostram dados compilados pela Bloomberg. O valor das reservas mantidas pelas principais produtoras quase dobrou desde o terceiro trimestre do ano passado, de acordo com a Bloomberg Intelligence.

Essa reativação chega depois de três anos de queda que provocaram prejuízos, dívidas maiores e uma queima de estoque dos ativos. Com as avaliações em baixa, firmas de private equity e empresas como a Zijin Mining Group aproveitaram a oportunidade. O número de aquisições avaliadas em pelo menos US$ 1 milhão cresceu 14 por cento no ano passado e chegou a 192, primeiro aumento desde 2010, mostram dados compilados pela Bloomberg. Mas agora os investidores estão injetando dinheiro nos fundos de ouro e os preços estão perto do auge em mais de dois anos, impulsionando os prêmios para os ativos de mineração disponíveis que estão ficando mais difíceis de encontrar.

O prêmio médio pago nas transações avaliadas em pelo menos US$ 1 milhão é de cerca de 42 por cento no trimestre atual, contra 29 por cento no primeiro trimestre, mostram dados compilados pela Bloomberg. As 63 transações pendentes ou finalizadas no trimestre são o maior número desde o quarto trimestre de 2011, ano em que o lingote disparou para o recorde de US$ 1.921,17 por onça.

A Teranga Gold, produtora com sede em Toronto, decidiu em 20 de junho comprar a Gryphon Minerals, com sede em Subiaco, na Austrália, com um prêmio de 53 por cento com base no preço do fechamento antes do anúncio da transação. O valor se compara com o prêmio estimado de 33 por cento pago pela Goldcorp, que é a maior produtora do mundo e tem sede em Vancouver, quando decidiu comprar a Kaminak Gold em maio.

O ouro teve alta de 24 por cento neste ano e caminha para o melhor primeiro semestre em qualquer ano desde 1974. Os preços chegaram a US$ 1.358,54 no dia 24 de junho, um dia depois do Brexit, levando os investidores a acumular o lingote como um refúgio em meio à queda dos mercados acionários internacionais.

“O Brexit deu ainda mais vantagem às transações do ouro porque o preço disparou e o interesse pelo ouro continua ganhando força”, disse Kenneth Hoffman, analista sênior de metais e mineração da Bloomberg Intelligence em Princeton, Nova Jersey, EUA.

Ao mesmo tempo em que elevou o valor dos depósitos de ouro, o rali também melhorou o fluxo de caixa disponível para as empresas mineradoras que pretendem adquirir ativos. As produtoras chinesas já fizeram US$ 1,2 bilhão em acordos no trimestre, o máximo em um ano, segundo dados compilados pela Bloomberg Intelligence.

“Existe concorrência por esses ativos”, disse Hoffman. “As mineradoras pequenas tendem a se preocupar mais com private equity. As grandes se preocupam com a China. Os chineses realmente mostraram um apetite pelas transações de ouro, então eles poderiam entrar em guerras de ofertas”.

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